A sobrevida em portadoras de câncer de mama é maior entre aquelas pacientes que usam estatinas antes ou depois do diagnóstico, quando comparadas com as pacientes que não fazem uso regular desses medicamentos. Essa é a constatação de um estudo sueco.
As estatinas (Sinvastatina, Atorvastatina e Rosuvastatina, por exemplo) são as drogas redutoras de colesterol mais utilizadas em todo o mundo.
Os pesquisadores coletaram dados de 20.559 suecas diagnosticadas com câncer de mama no período de 2005 até 2008. O uso de estatinas foi confirmado por meio do registro nacional de prescrição de medicamentos, enquanto que as mortes específicas por câncer de mama foram identificadas analisando os dados do registro nacional de causas de morte.
Durante o seguimento do estudo, um total de 2.669 pacientes faleceram por câncer de mama. Em comparação com as mulheres que não receberam estatinas, aquelas que tomaram esses medicamentos regularmente antes do diagnóstico tiveram um risco 23% menor de morte por câncer de mama. Após o diagnóstico do câncer, as mulheres que utilizaram qualquer estatina, tiveram um risco 17% menor de morrer por câncer de mama.
O benefício do uso das estatinas não foi significativamente influenciado pela dose ou tipo de estatina utilizada.
Os pesquisadores pretendem realizar um grande estudo para confirmar esses benefícios, além de tentar identificar os fatores que indicariam quais as mulheres que poderiam se beneficiar do uso de uma estatina e quais mulheres não se beneficiariam.
As estatinas inibem a enzima HMG-CoA redutase, mas também diminuem os níveis de um metabólito do colesterol conhecido como 27-hidroxicolesterol (27HC). Este metabolito se liga ao receptor de estrogênio. Dessa forma, o uso da estatina não inibe apenas a produção do colesterol, mas também reduz a produção deste metabolito de colesterol com capacidades similares às do estradiol.
O 27HC atua como um estimulante dos receptores do estrogênio em células do câncer de mama, estimulando o crescimento do tumor e suas metástases. Acredita-se que a inibição da produção de colesterol e de seu metabólito 27HC, por meio do uso das estatinas, possa reduzir a progressão e recorrência do câncer de mama.
Fonte: San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS).
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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