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O que é o infarto do miocárdio ou ataque cardíaco ?
Destaques, Infarto do Miocárdio

O que é o infarto do miocárdio ou ataque cardíaco ? 

O infarto do miocárdio, melhor denominado de infarto agudo do miocárdio ou, simplesmente, “ataque cardíaco”, é uma emergência médica em que parte do fluxo sanguíneo do coração sofre uma interrupção súbita  e  intensa, produzindo morte das células  do músculo cardíaco (miocárdio). O pico de ocorrência do primeiro  infarto do miocárdio  costuma ser aos  55 anos de idade nos homens e aos  65 anos de idade nas mulheres.

Causas

Em geral, o infarto do miocárdio ocorre quando há uma interrupção súbita e intensa do fluxo de sangue através de uma artéria coronária que irriga uma região  do coração, ocorrendo  morte de parte do tecido cardíaco. Geralmente a causa desta interrupção do fluxo sanguíneo  é o “acidente de uma  placa de ateroma” , ou seja, uma ruptura de uma placa de gordura.

Esta ruptura acarreta a formação de um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo neste local da artéria. O  infarto do miocárdio  é uma das manifestações da doença arterial coronariana, caracterizada pela formação de ateromas na parede das artérias coronárias. Raramente o  infarto do miocárdio  ainda poderá ser ocasionado por outras causas, como o  espasmo coronariano,  uso de drogas ilícitas (cocaína e derivados), aneurismas das artérias coronárias, dissecção aórtica aguda com acometimento  da origem das artérias coronárias, vasculites (inflamação das artérias coronárias) ou embolização por um coágulo que sai da cavidade cardíaca e se aloja na coronária ou por uma vegetação, que se despreende de uma válvula acometida por endocardite infecciosa.

Curiosamente, uma pequena parte dos pacientes que sofrem um infarto do miocárdio, apresentam artérias coronárias  aparentemente normais no cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia (exame contrastado que observa o fluxo de sangue através das artérias coronárias).

Sintomas

Embora o infarto do miocárdio  possa ocorrer sem sintomas (infarto do miocárdio  silencioso), cerca de 80% dos casos de  infarto do miocárdio são sintomáticos, cursando com dor no peito. Geralmente a dor típica do infarto do miocárdio  é um desconforto torácico localizado na região central do peito, difuso, o qual pode irradiar-se para as costas,  mandíbula , membros superiores e dorso. A dor ainda  pode ocorrer apenas em uma ou várias dessas localizações de irradiação, e não exclusivamente no peito. A dor de um  infarto do miocárdio  é semelhante a dor da angina do peito, porém costuma ser mais  prolongada e intensa, não aliviando com o repouso e uso de nitratos (vasodilatadores).

Menos freqüentemente, a dor é localizada na parte superior do abdômen, podendo ser confundida com uma indigestão, úlcera ou gastrite. Durante um  infarto do miocárdio  o indivíduo ainda pode apresentar uma sudorese excessiva, palidez, agitação, tontura, desmaio, ansiedade ou até uma sensação de morte iminente. Apesar de todos os sintomas possíveis, um em cada cinco indivíduos que sofrem um  infarto do miocárdio  apresentam apenas sintomas leves ou não apresentam sintomas. Esse  infarto do miocárdio, chamado de silencioso, poderá ser detectado algum tempo após a sua ocorrência, através de um eletrocardiograma de rotina.

Diagnóstico

Sempre que um  paciente apresentar-se com queixa de dor torácica, principalmente se for portador de  fatores de risco cardiovascular,  a hipótese de um infarto do miocárdio  deverá ser considerada. No entanto, vários outros distúrbios podem provocar uma dor semelhante:  pneumonia, um coágulo no pulmão (embolia pulmonar), uma inflamação da membrana que envolve o coração (pericardite),  fratura de costela, um espasmo esofágico,  indigestão, aumento da sensibilidade da musculatura do tórax, associada a um quadro de ansiedade, herpes zoster, etc. Geralmente , a realização do eletrocardiograma e a dosagem seriada de enzimas cardíacas  no sangue confirmam o diagnóstico de um infarto do miocárdio em poucas horas.

O eletrocardiograma é o exame inicial, podendo demonstrar certos achados típicos de um  infarto do miocárdio  (supradesnível do segmento ST ou um novo bloqueio do ramo esquerdo), os quais são  suficientes para que o médico inicie imediatamente uma terapia na tentativa de abrir a artéria que está obstruída, por meio de uma angioplastia coronariana ou infundindo uma droga que dissolve coágulos (trombolítico).

O eletrocardiograma  poderá ser  normal na vigência de um infarto do miocárdio, no entanto, este fato é incomum quando são realizados eletrocardiogramas seriados. A elevação de  enzimas cardíacas no sangue é obrigatória para o diagnóstico de  infarto do miocárdio, pois traduz a morte de células do músculo cardíaco, que  liberam estas enzimas na circulação. Infelizmente, estas enzimas costumam elevar-se  após 4 a 6 horas do início do quadro, podendo permanecer elevadas por alguns dias.

Complicações

Geralmente, após um infarto do miocárdio , o paciente deverá permanecer na unidade de terapia intensiva por pelo menos 72 horas. Esta medida visa monitorar o surgimento de complicações após o  infarto do miocárdio . As principais complicações são: angina do peito após  infarto do miocárdio , ocorrência de um novo  infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração (que aceleram ou diminuem a frequência do batimento cardíaco), pericardite (inflamação da membrana que envolve o coração), complicações mecânicas (ruptura cardíaca, insuficiência da válvula mitral,  comunicação entre os ventrículos e aneurisma ventricular), parada cardiorrespiratória e morte.

Tratamento

O paciente com suspeita de infarto do miocárdio  deverá ser internado imediatamente em unidade de terapia intensiva, visando monitorar seus dados vitais, oxigenação e traçado eletrocardiográfico.A primeira medicação a ser administrada é o ácido acetil salicílico (aspirina). O clopidogrel ou medicamentos do mesmo grupo, são drogas que inibem a agregação das plaquetas no sangue, e também devem ser administradas. A nitroglicerina ou nitratos (vasodilatadores) são usados para o combate da dor, no entanto, o uso de morfina (analgésico potente) poderá ser necessário.

Conforme o traçado do eletrocardiograma, o médico assistente poderá suspeitar que a artéria causadora do infarto do miocárdio  esteja obstruída parcialmente ou totalmente (infarto do miocárdio  sem e com supradesnível do segmento ST no eletrocardiograma), No primeiro caso, não será necessário a realização de um cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia de emergência, pois nestes casos o tratamento inicial será com medicações para tentar dissolver o coágulo (trombo) formado na artéria.

No segundo caso, será necessário utilizar uma opção de tratamento que possibilite abrir a  artéria  totalmente obstruída o mais rápido possível, desta forma, minimizando a área cardíaca afetada pelo  infarto do miocárdio . Para tal, dispomos de duas modalidade de tratamento: os trombolíticos (administrados de forma injetável através de uma veia no braço) ou a angioplastia coronariana (introdução de um cateter provido de uma balão em sua extremidade, até o local obstruído, permitindo assim, o restabelecimento do fluxo de sangue).

Os betabloqueadores (medicamentos que diminuem o batimento cardíaco), os inibidores da enzima de conversão (vasodilatadores) e as vastatinas (drogas redutoras de colesterol), também costumam ser prescritos para a maioria dos pacientes. O  tratamento cirúrgico do infarto do miocárdio   está reservado para os casos aonde ocorrem as complicações mecânicas citadas acima (nestes casos a cirurgia costuma ser de emergência) ou para realização de uma revascularização miocárdica, chamada de bypass ou cirurgia de ponte de safena, geralmente 7 a 10 dias após o diagnóstico de  infarto do miocárdio.

A  revascularização miocárdica está indicada em pacientes com lesão do tronco da artéria coronária esquerda,  certos casos aonde ocorre insucesso da angioplastia coronariana, certos casos de infarto do miocárdio  com choque cardiogênico (falência cardíaca associada a redução da pressão arterial) e em pacientes multiarteriais (comprometimento por placas de gordura em várias artérias ).

Prevenção

Leia a página sobre dez mandamentos para prevenir o infarto do miocárdio.

Gravidade

O risco de morte durante o período de internação em um paciente que sofreu um infarto do miocárdio poderá ser estimado analisando-se as seguintes variáveis: idade avançada,  baixo peso, antecedentes de hipertensão arterial, angina do peito  ou diabete melito,  redução da pressão arterial sistólica ou máxima (inferior a 100 mmHg ), aumento do batimento cardíaco  (superior a 100 por minuto), sinais de diminuição da força de contração do coração  (deficiência de bombeamento do sangue), certas alterações do eletrocardiograma  e retardo no início da terapia de reperfusão (angioplastia coronariana ou uso de trombolítico, iniciados após  4 horas do surgimento do quadro de infarto do miocárdio ). Levando em conta a presença destas variáveis, o paciente poderá ser classificado quanto ao seu  risco de morte: baixo risco (menos de 2%) , médio risco (cerca de 10%) ou alto risco (mais que 20%) de morte, no período de internação hospitalar.

Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700. 

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