O coração é uma bomba propulsora de sangue composta por quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. No lado esquerdo do coração a válvula mitral separa o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo.
O prolapso da válvula mitral (PVM) caracteriza-se pelo deslocamento dos folhetos da válvula mitral em direção ao átrio esquerdo, durante a contração do ventrículo esquerdo, permitindo a saída de sangue do coração.
Em alguns casos de PVM podemos observar um fluxo de sangue retrógrado, ou seja, há passagem de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo, condição chamada de insuficiência mitral (IM).
O PVM afeta cerca de 2 a 3% da população, no entanto, não costuma ocasionar problemas cardíacos graves. A doença é mais comum em mulheres. Esses pacientes podem ser identificados pela ausculta cardíaca mediante a presença de estalido de abertura da válvula mitral e/ou sopro de IM. Eles podem referir dor torácica, cansaço, palpitações, tonturas e desmaio. O diagnóstico é confirmado pelo ecocardiograma.
Embora não sejam comuns, os maiores riscos relacionados ao PVM incluem: IM grave com necessidade de cirurgia cardíaca, endocardite infecciosa (infecção bacteriana da válvula mitral), fenômenos embólicos (formação de coágulos que se alojam no cérebro), arritmias cardíacas graves e morte súbita (MS). A MS em portadores de PVM é rara, e sua incidência parece ser semelhante àquela dos esportistas que não tem a doença.
Pacientes portadores de PVM podem praticar esportes recreativos ou competitivos?
Sim, a grande maioria pode praticar. As exceções seriam aqueles com relato de desmaio prévio (especialmente se causado por arritmia cardíaca), taquicardias sustentadas ao Holter (registro eletrocardiográfico de 24 horas), IM grave no ecocardiograma, disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (capacidade de contração do coração reduzida), evento embólico prévio e história familiar de MS relacionada ao PVM.
Esses desportistas estão aptos apenas para a prática de esportes competitivos de baixos componentes estático e dinâmico, como golfe, boliche e tiro ao alvo.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr. CRM/PR 13700 – Cardiologista de Curitiba.
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