A monitorização ambulatorial da pressão arterial, conhecida como MAPA, é um método de medição automática da pressão arterial realizada através de um aparelho que é colocado na cintura do paciente, e que infla uma bolsa de borracha chamada de manguito, posicionada no braço.
As medidas da pressão arterial são feitas a cada 20 minutos durante o dia e a cada 30 minutos durante à noite, sendo este processo semelhante ao realizado durante as consultas médicas. O exame deverá ter uma duração próxima de 24 horas. As medidas são armazenadas neste dispositivo e, posteriormente, são transferidas para um programa de computador que permite a análise dos dados coletados.
Ao realizar inúmeras medidas, a monitorização ambulatorial da pressão arterial permite calcular médias pressóricas durante o período total de exame (aproximadamente 24 horas), durante a vigília (período em que o paciente fica acordado, em geral, entre 7 e 23 horas) e durante o período do sono.
Essas médias, principalmente a média do período total de exame, são mais preditoras do desenvolvimento de complicações cardiovasculares causadas pela hipertensão arterial (pressão alta), quando comparadas com as medidas realizadas durante as consulta médicas (medidas casuais).
Monitorização ambulatorial da pressão arterial em pacientes com apneia do sono
A síndrome da apneia obstrutiva do sono é caracterizada por um estreitamento recorrente, completo ou parcial, das vias aéreas respiratórias superiores durante o período do sono. O resultando deste processo seriam roncos associados à hipopneia (respiração débil), apneia (ausência total da respiração), queda dos níveis de oxigênio no sangue, despertares frequentes e, como consequência, sonolência e cansaço durante o dia.
A apneia obstrutiva do sono também é uma das causas de elevação da pressão arterial.
As características da hipertensão arterial associada à apneia obstrutiva do sono incluem sua predominância durante o sono, e frequente abolição do descenso noturno da pressão arterial durante, ou seja, não ocorre uma redução fisiológica de 10 até 20% da pressão arterial durante o período do sono, em comparação ao estado de vigília.
Estudos apontam que 50% dos portadores da apneia obstrutiva do sono apresentam padrão de descenso atenuado da pressão arterial durante o sono, e até 20% deles têm descenso ausente, ou seja, a pressão arterial não reduz ou até aumenta.
Além disso, o percentual de pacientes que não apresentam descenso da pressão arterial aumenta com a gravidade da apneia. Visto a elevação da pressão arterial ser mais significativa durante o sono em pacientes com apneia obstrutiva do sono, parece ser esta uma das condições de risco independente para o fenômeno da hipertensão mascarada (pressão normal no consultório médico, mas com médias elevadas durante a monitorização ambulatorial da pressão arterial).
Acredita-se que a prevalência de hipertensão mascarada pode ser até três vezes maior em pacientes com a apneia obstrutiva do sono moderada ou grave em comparação aos hipertensos sem a doença.
Quanto ao impacto do tratamento da síndrome da apneia do sono baseado no CPAP (máscara que injeta ar nas vias aéreas sob pressão positiva) no comportamento da pressão arterial durante o sono, os resultados dos estudos são conflitantes: embora o tratamento pareça, em geral, reduzir as médias de pressão arterial de 24 horas, alguns estudos surpreendentemente evidenciaram redução da pressão arterial principalmente no período da vigília, enquanto outros apontaram que a redução da pressão arterial foi mais frequente no período do sono, inclusive com a normalização do descenso noturno da pressão arterial em parcela significativa dos pacientes.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM PR 13700.
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