Um recente estudo sugere que os pacientes que apresentaram um infarto do miocárdio no período da noite (entre meia noite e seis horas da manhã) têm uma maior chance de apresentar a síndrome da apneia obstrutiva do sono, e que esta doença poderia ser um fator precipitante do infarto do miocárdio.
A síndrome da apneia obstrutiva do sono é caracterizada por um estreitamento recorrente, completo ou parcial, das vias aéreas respiratórias superiores durante o período do sono. O resultando deste processo seriam períodos de apneia (ausência total da respiração), queda dos níveis de oxigênio no sangue, despertares frequentes e, como consequência, sonolência durante o dia.
O Dr. Virend Somers da Mayo Clínic (Rochester, Estados Unidos), autor deste trabalho, declarou que vários estudos têm associado a síndrome da apneia obstrutiva do sono a um maior risco de infarto do miocárdio, mas que ainda necessitamos de mais provas para que esse distúrbio do sono possa ser incluído entre as causas de infarto do miocárdio.
O estudo avaliou 92 pacientes que sofreram de infarto do miocárdio com horário de início dos sintomas bem definido. A chance de um paciente que apresentou infarto do miocárdio entre a meia-noite e às 6 horas da manhã de ter síndrome da apneia do sono (confirmada pela polissonografia) era seis vezes maior quando comparados com aqueles que apresentaram infarto do miocárdio nas 18 horas restantes do dia. Da totalidade dos pacientes que sofreram infarto entre a meia-noite e às 6 horas da manhã, 91% apresentavam apneia obstrutiva do sono.
“Ainda não sabemos com certeza se apneia está apenas modificando o horário de um infarto que ocorreria de qualquer forma ou se efetivamente há um aumento em seu risco, independente de outros fatores conhecidos”, afima o Dr. Virend Somers.
“Eu recomendo que os pacientes que apresentam infarto do miocárdio no período noturno devam ter seu sono avaliado adequadamente e, se for diagnosticada a síndrome da apneia obstrutiva do sono, um tratamento deverá ser indicado, pois essa medida poderá reduzir o risco de recorrência de novo infarto do miocárdio”, conclui o autor do estudo.
Fonte: JACC.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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