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Em tempos de COVID 19, qual a importância da vacinação contra à gripe em pacientes cardiopatas?
Cardiologia Preventiva, Infarto do Miocárdio

Em tempos de COVID 19, qual a importância da vacinação contra à gripe em pacientes cardiopatas? 

A doença arterial coronariana caracteriza-se pela presença de placas de gordura, chamadas de ateromas, nas artérias do coração (aterosclerose coronariana), Essas placas podem causar obstruções e redução do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco (miocárdio). Esse processo é chamado de isquemia miocárdica.
A doença arterial coronariana é a principal causa da angina do peito, infarto do miocárdio (popularmente conhecido como ataque cardíaco) e morte súbita.

Em pacientes com doença arterial coronariana, a vacina contra à gripe (influenza) pode reduzir o risco de complicações cardiovasculares?
A influenza, conhecida popularmente como gripe, é uma infecção respiratória viral que causa febre, coriza, tosse, cefaleia e mal-estar. Existe risco de morte durante as epidemias, em particular entre pacientes de alto risco (idosos, portadores de doença pulmonar ou cardíaca, etc.), sendo que até pacientes jovens e saudáveis podem morrer.
As epidemias de influenza tendem a ser acompanhadas de um aumento significativo de mortes e complicações cardiovasculares. O risco de infarto do miocárdio parece ser maior nos primeiros 10 dias de evolução da infecção respiratória. Postula-se que o processo inflamatório causado pela gripe instabilize as placas de ateroma nas artérias do coração, predispondo à formação de trombos (coágulos) que levam ao infarto do miocárdio. Por outro lado, pacientes cardiopatas podem ser imunodeprimidos, achado que aumenta o risco de infecções virais.
Vários estudos realizados em pacientes com doença arterial coronariana demonstraram uma redução da incidência de complicações cardiovasculares combinadas (morte, infarto do miocárdio, necessidade de internação por isquemia miocárdica ou necessidade de revascularização) no grupo vacinado, ao longo de 12 meses de acompanhamento.
Apenas o estudo Flu vaccination in acute coronary syndromes and planned percutaneous coronary interventions (FLUVACS) mostrou uma redução significativa de morte cardiovascular, especificamente entre os pacientes com passado de infarto do miocárdio.
Baseada nesses estudos, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda: vacinação contra influenza (trivalente ou tetravalente) anualmente, geralmente nos meses de abril e maio, para pacientes com doença arterial coronariana ou cerebrovascular estabelecida, independentemente da idade. Nesse grupo temos pacientes com antecedentes de angina do peito, infarto do miocárdio, isquemia miocárdica silenciosa, angioplastia coronariana ou revascularização cirúrgica, conhecida como cirurgia de “ponte de safena”. Antecedentes de acidente vascular cerebral (derrame cerebral) também deve ser vacinados. Nesse grupo de pacientes a vacina diminui a morbimortalidade, ou seja, o risco de complicações cardiovasculares e morte.

A vacina contra à gripe confere proteção para infecção do COVID 19?

Não, mas durante a pandemia de COVID 19 vacinar pessoas contra à gripe acarreta benefícios: primeiro, na vigência de sintomas gripais, o fato de um indivíduo ter sido vacinado contra à gripe aumenta a suspeita em relação à infecção pelo COVID 19; segundo, a vacinação contra gripe pode evitar formas graves de influenza que exigem hospitalização, dessa forma, ajudando a diminuir a sobrecarga do sistema de saúde.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Autor: Dr. Tufi Dippe Jr. – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.

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