Aneurisma da aorta abdominal 

A aorta é a maior e principal artéria do organismo. Ela recebe todo o sangue ejetado do ventrículo esquerdo do coração, distribuindo-o para todo o corpo e cérebro, com exceção dos dois pulmões.

A aorta ramifica-se em artérias menores ao longo de seu trajeto, desde o ventrículo esquerdo até a parte inferior do abdômen, ao nível da porção superior do osso do quadril (região pélvica).

Sua parede apresenta três elementos principais: íntima (revestimento interno que fica em contato direto com o sangue), camada média (muscular) e adventícia (camada externa).

O diâmetro da normal da aorta varia de 2 até 2,5 cm. As doenças da aorta incluem os aneurismas (dilatações em regiões frágeis de sua parede), ruptura da aorta, hemorragia e a dissecção aórtica (separação das camadas de sua parede por entrada de uma coluna de sangue). Qualquer um desses distúrbios pode ser imediatamente fatal.

O sangue que deixa o coração através da aorta chega a todas as regiões do organismo, excetuando-se os dois pulmões. A aorta também costuma ser um dos primeiros locais a ser acometido pela aterosclerose (formação de placas de gordura ou ateromas na parede das artérias), doença que pode contribuir para o aparecimento das outras  citadas acima.

Aneurismas da aorta

Um  aneurisma da aorta é uma saliência (dilatação) na parede da artéria aorta, geralmente ocorrendo em uma parte enfraquecida da parede da artéria. Embora possam ocorrer em qualquer local ao longo da aorta, três quartos desses aneurismas da aorta ocorrem no segmento abdominal, os chamados aneurismas da aorta abdominal (parte da aorta abaixo do tórax, na cavidade abdominal).

Aneurismas da aorta abdominal

Os  aneurismas da aorta abdominal são localizados no segmento da aorta que passa pelo abdômen. Mais frequentemente esses aneurismas desenvolvem-se em pessoas idosas (a doença é mais comum em homens do que em mulheres), hipertensas e com antecedentes de tabagismo (90% dos pacientes fumaram em algum momento da vida). Esses aneurismas frequentemente atingem mais de 7 centímetros e podem romper (fato mais comum nas mulheres). Lembramos que o diâmetro normal da aorta é de 2 a 2,5 centímetros.

– Sinais e sintomas:

Muitas vezes o aneurismas da aorta abdominal é totalmente assintomático, mesmo quando suas dimensões são consideráveis. Um indivíduo com aneurisma da aorta abdominal frequentemente começa a perceber uma espécie de pulsação no abdômen.

O aneurisma da aorta abdominal também poderá causar dor, geralmente uma desconforto profundo e penetrante, sobretudo na região dorsal, próximo à coluna. A dor pode ser intensa e constante, embora ela possa ser aliviada com a mudança de posição. Geralmente, o primeiro sinal de uma ruptura é uma dor intensa na região inferior do abdômen e nas costas, além de uma maior sensibilidade na área sobre o aneurisma.

No caso de um sangramento interno grave, o indivíduo pode entrar rapidamente em choque (queda abrupta e intensa da pressão arterial). Um aneurisma da aorta abdominal roto é uma condição frequentemente fatal.

– Diagnóstico:

A dor é um sintoma muito útil para o diagnóstico, mas que surge tardiamente. No entanto, muitos indivíduos com aneurismas da aorta abdominal não apresentam sintomas e são diagnosticadas por acaso, durante um exame físico de rotina ou através de uma ultrassonografia abdominal ou radiografias do abdômen realizadas por outra razão qualquer.

As últimas recomendações das diretrizes americanas  (USPSTF – U.S. Preventive Services Task Force) sugerem a pesquisa do aneurisma da aorta abdominal (em indivíduos assintomáticos) através da ultrassonografia de abdômen somente em homens e mulheres com 65 a 75 anos com histórico de tabagismo.

O médico pode sentir uma massa pulsátil na linha média do abdômen. Os AAAb de crescimento rápido, que estão prestes a romper, frequentemente doem espontaneamente ou quando são pressionados durante o exame da região abdominal.

Nos indivíduos obesos, mesmo aneurismas grandes podem passar desapercebidos. Uma radio X do abdômen pode revelar um aneurismas da aorta abdominal que possui depósitos de cálcio em sua parede. Frequentemente um simples exame ecográfico (ultrassonografia abdominal), revela com nitidez o tamanho do aneurismas da aorta abdominal. A tomografia (angiotomografia da aorta abdominal) é mais precisa na determinação do tamanho e forma do aneurismas da aorta abdominal.

– Tratamento:

Deverá ser instituído nos casos de aneurismas da aorta abdominal com diâmetro igual ou maior que 55 mm, casos sintomáticos ou de morfologia (forma) sacular.

Caso a anatomia seja favorável, a tendência atual é preferir o tratamento endovascular. Nesse caso uma prótese é introduzida por uma artéria da perna, sendo posteriormente aberta dentro do segmento doente da aorta. Essa técnica tem mostrado bons resultados no longo prazo com menor risco de complicações.

A cirurgia aberta é considerada de grande porte e alto risco para complicações cardiovasculares, ao passo que o tratamento endovascular é considerada de médio risco para tais complicações.

Complicações do tratamento: cardiovasculares, com destaque para o infarto do miocárdio; pulmonares, com destaque para pneumonia; insuficiência renal aguda (falência renal); hemorragia e necessidade de transfusão; infecção, tanto da ferida operatória como da prótese; entre outras.

Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.