Na semana mundial contra o tabagismo, a Sociedade Brasileira de Hipertensão alerta sobre os riscos do fumo, quarto maior fator de risco, responsável por 8,5%de mortes naAmérica Latina. A Sociedade mostra ainda que o aumento de impostos, que resulte em um acréscimo de 10% no preço do cigarro, economizaria US$ 171 milhões em custos com tratamento e evitaria perdas econômicas e financeiras de US$ 306 milhões, decorrentes da incapacidade de pacientes, segundo constatou o Banco Mundial em relatório feito para o Brasil.
Apesar da maioria das pessoas ainda associar o fumo somente a problemas respiratórios e ao câncer de pulmão, o hábito de fumar aumenta a pressão sanguínea.
“Quem fuma está mais propenso a desenvolver a hipertensão e ter doenças do coração. O risco de ter um ataque cardíaco sobe conforme o número de cigarros e o tempo do vício. Aqueles que fumam um maço de cigarros por dia têm o risco dobrado em relação àquelas que não fumam. Já nas mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais, este fator aumenta ainda mais a chance de ter um ataque do coração, um derrame e uma doença vascular.”, comenta Artur Beltrame Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão.
O tabagismo é o quarto maior fator de risco para a mortalidade na América Latina, junto com a pressão arterial, com 12,8% dos casos, em segundo o sobrepeso, com 10%, e o álcool, com 9,5%. Segundo aponta o Banco Mundial, para o grupo de países que inclui o Brasil, os fatores de risco que podem ser modificados (hipertensão, dieta pobre em frutas e vegetais, sedentarismo, tabaco e álcool) são responsáveis por cerca de 53% de todas as mortes e 30% de todos os anos de vida perdidos por morte prematura ou vida com algum tipo de incapacitação (DALYs). Mas o importante é que dois terços dessas mortes prematuras poderiam ser prevenidas eliminando a exposição desses fatores.
Um exemplo bem-sucedido nos mostra que é possível reduzir esses dados. A Finlândia, por exemplo, possuía uma das mais altas taxas de doenças coronarianas do mundo em 1972. O governo introduziu uma abrangente campanha para educar a população sobre fumo, dieta e atividade física, primeiro em North Karelia, e depois em todo o País. O programa apoiava a legislação anti-fumo e aumentava a disponibilidade de produtos diários com baixa taxa de gordura e melhorava as merendas escolares. A taxa de mortalidade causada por doenças do coração em determinados grupos etários caiu em 73% de 1969 a 1995 em North Karelia, onde o programa foi introduzido inicialmente, e em 65% em todo o país.
Além do cigarro, a hipertensão é associada a outros fatores como a falta de exercício, a má alimentação, sal em excesso, o álcool e o estresse emocional.
Segundo o estudo do Banco Mundial de Saúde, a pressão alta no Brasil é responsável por 40% dos infartos, 80% dos acidentes vascular cerebral (AVC) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. Mas ainda assim, a pesquisa aponta que somente 23% dos hipertensos controlam corretamente a doença, 36% não fazem controle algum e 41% abandonam o tratamento, após melhora inicial.
A Campanha de Prevenção e Combate desse ano da SBH tem como tema “Tratar a Hipertensão é um ato de fé na vida” para alertar a população sobre a importância da manutenção no tratamento freqüente e criar hábitos saudáveis. “O tratamento exige muita dedicação dos indivíduos em manter o medicamento e força de vontade na nova disciplina do cotidiano de vida, pois envolve mudanças de comportamento e novos hábitos alimentares. A SBH informa que, “para manter o cotidiano saudável, entre os 10 mandamentos recomendáveis, está a importância do abandono ao cigarro.”, comenta Dr. Artur.
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