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Doença do nó sinusal
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Doença do nó sinusal 

O nó sinusal ou sinoatrial e suas conexões elétricas são o marcapasso natural do coração . Na doença do nó sinusal este marcapasso natural passa a não funcionar de forma adequada.

O resultado desse processo é o surgimento de sintomas e alterações eletrocardiográficas  correlacionados a esses distúrbios elétricos, denominada doença do nó sinusal. A redução da frequência cardíaca do coração é um achado típico dessa enfermidade.

A doença do nó sinusal atinge mais frequentemente as mulheres,  principalmente entre 60 e 69 anos, no entanto, a doença pode ocorrer também em indivíduos mais jovens ( menos de 40 anos) e até em crianças .

Causas

Existe uma predisposição genética para à doença do nó sinusal. A literatura demonstra que em apenas 2% dos casos de doença do nó sinusal que acometem o jovem, indica-se implante de marcapasso  definitivo. A forma mais comum da doença não tem uma causa definida, sendo considerada idiopática ou primária .

A forma secundária da doença está associada a algumas doenças cardíacas. A cardiopatia chagásica (forma de cardiomiocardiopatia dilatada) é a causa mais frequente no Brasil. Nos EUA, a mais comum é a cardiopatia isquêmica ( comprometimento das artérias do coração por placas de gordura ou ateromas).

Doenças degenerativas (como amiloidose e hemocromatose),  doenças inflamatórias (como difteria, miocardite aguda, pericardite aguda e comprometimento cardíaco pela artrite reumatoide), doenças neuro-musculares, doenças  endócrinas, entre outras, também podem se associar a doença do nó sinusal.

A doença pode ser agravada ou desencadeada pela ação de drogas que afetam o sistema de condução elétrica do coração, como os betabloqueadores (atenolol, metoprolol, etc.) e a amiodarona.

Sinais e sintomas

Como o marcapasso natural do coração não funciona adequadamente, o paciente que sofre da doença do nó sinusal passa a ter um batimento cardíaco excessivamente lento. Pode haver um bloqueio dos batimentos originados no marcapasso natural do coração, as chamadas  pausas sinusais. Por causa da queda do batimento cardíaco e da pressão arterial surgem sintomas de tontura, lipotimia (sensação de desmaio) ou síncope (desmaio).

Pode ocorrer sinais e sintomas de insuficiência cardíaca (coração fraco), como fadiga e  dispneia (falta de ar). Em pacientes com doença arterial coronariana pode haver uma piora do quadro de angina do peito (crises de dor torácica).

Como  o ritmo cardíaco de base torna-se muito lento , existe uma tendência ao aparecimento de arritmias que aceleram o coração (causando palpitações), fruto da ativação de outros focos elétricos (localizados nos átrios e ventrículos ) que não sejam o marcapasso natural doente. O surgimento de episódios de fibrilação atrial e arritmias ventriculares é comum. A fibrilação atrial pode levar à formação de coágulos que podem ser liberados do coração, causando um derrame cerebral .

Essa alternância de ritmo cardíaco lento com episódios de taquicardia (aceleramento cardíaco com sensação de palpitação), é chamado de síndrome bradicardia-taquicardia ou síndrome bradi-taqui. Nessa síndrome os sintomas decorrentes da queda do batimento cardíaco se alternam com sintomas causados pelo aceleramento cardíaco.

Diagnóstico

O diagnóstico da doença do nó sinusal  é essencialmente feito pelo eletrocardiograma de repouso  ou pelo  Holter (eletrocardiograma de 24 horas de duração). Este último exame permite correlacionar o traçado do eletrocardiograma com as manifestações clínicas do pacientes, que devem ser anotadas no relatório do exame.

Alguns casos de doença do nó sinusal poderão ser apenas identificados após estudo eletrofisiológico realizado em pacientes que sofreram de desmaios sem causa aparente.

Prognóstico (gravidade)

A evolução natural da doença do nó sinusal  inclui a incidência da fibrilação atrial (arritmia cardíaca) e o acometimento do sistema de condução  atrioventricular (estação intermediária do sistema elétrico do coração ). Em uma revisão de 1.395 casos da doença, com seguimento médio dos pacientes de 4 anos, a incidência de bloqueio atrioventricular  foi de 8,4% e de fibrilação atrial em torno de 16%.

A taxa de sobrevida dos portadores de doença do nó sinusal  não tratados com marcapasso artificial é de 85% em um ano; 75% em 3 anos,  65% em 5 anos e 50% em 7 anos .

Tratamento

A utilização de medicamentos para o tratamento da doença do nó sinusal tem sido desanimadora. Drogas do tipo atropina apresentam curta duração e efeitos adversos insuportáveis .

Desta forma, o marcapasso artificial definitivo é considerado primeira escolha no tratamento da doença. Estes dispositivos interferem favoravelmente na evolução da doença: melhoram ou eliminam sintomas da doença,  melhoram a insuficiência cardíaca e  as crises de angina de peito e, ainda, reduzem a incidência de fibrilação atrial (assim como a formação de coágulos  e risco de derrame cerebral).

Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.

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