Quanto mais álcool que você bebe, maior será a sua frequência cardíaca. Essa é a constatação principal de um estudo alemão organizado pela Sociedade Europeia de Cardiologia.
Há décadas sabemos que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas nos finais de semana ou feriados associa-se ao aparecimento de certas arritmias, como a arritmia fibrilação atrial, que muitas vezes faz parte da síndrome do coração pós-feriado (Holiday Heart Syndrome).
Um estudo alemão avaliou mais de 3.000 pessoas que participaram da Oktoberfest em Munique no ano de 2015. Em todos os participantes foram realizados traçados de eletrocardiograma, além disso, as concentrações de álcool foram avaliadas através do ar expirado. Idade, sexo, doença cardíaca, tabagismo e uso de medicamentos cardiológicos dos participantes também foram registrados.
Os participantes tinham, em média, 35 anos de idade, e 70% eram homens. A concentração média de álcool na respiração foi de 0,85 gramas/kg. O aumento da concentração do álcool expirado foi significativamente associada com taquicardia sinusal (mais de 100 batimentos por minuto estado de repouso) em 25,9% do total dos pacientes.
“Quanto mais álcool você bebe, maior será a sua frequência cardíaca. Essa relação é linear”, disse o Dr. Stefan Brunner, cardiologista do Hospital Universitário de Munique (Alemanha), que é um dos principais autores.
Os pesquisadores estão atualmente investigando se o aumento da frequência cardíaca com o consumo de álcool poderia levar a distúrbios do ritmo cardíaco no longo prazo. Os autores acreditam que ainda é cedo para concluir que uma maior frequência cardíaca induzida pelo álcool seja prejudicial, no entanto, as pessoas com doenças cardíacas já têm uma frequência cardíaca mais alta, podendo desencadear certas arritmias como a fibrilação atrial. Portanto, é possível que uma maior freqüência cardíaca após o consumo de álcool possa levar ao surgimento de arritmias.
A maioria das pessoas desse estudo era jovem e saudável. Se o mesmo estudo for realizado entre pessoas mais velhas ou cardíacas, poderíamos encontrar uma associação entre bebidas alcoólicas e arritmias cardíacas.
Os autores acreditam que o álcool potencialize o sistema nervoso simpático, liberando adrenalina e causando taquicardia.
Fonte: Sociedade Europeia de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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