As anormalidades do colesterol e de suas frações tem sido identificada como um dos principais fatores de risco de doença cardiovascular. Sabe-se ainda que, além da herança genética, os níveis de colesterol correlacionam-se com a obesidade e, portanto, com o hábito de vida sedentário.
Nessas pessoas, o excesso de colesterol é, em grande parte, devida ao aumento das lipoproteínas de baixa densidade (LDL colesterol ou “colesterol ruim”), isto é, a fração do colesterol que aumenta o risco da doença coronariana (formação de placas de gordura, chamadas de ateromas, na parede das artérias).
Para agravar o quadro, essas são as pessoas normalmente apresentam baixos níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL colesterol ou “colesterol bom”), que é a fração do colesterol que facilita a retirada de colesterol da circulação, diminuindo, portanto, o risco da formação de ateromas.
A associação entre o sedentarismo, o ganho de peso e os níveis elevados de triglicerídeos plasmáticos é, atualmente, inegável. O efeito do exercício no metabolismo destas gorduras tem sido investigado por inúmeros pesquisadores e, nas décadas de 80 e 90, cresceram as evidências de que o exercício físico regular pode alterar positivamente o perfil das gorduras no sangue.
Estudos iniciais mostraram que o exercício físico, ao provocar perda de peso, também altera significativamente a concentração e o metabolismo das gorduras. Além disso o exercício físico regular pode provocar alterações nas gorduras circulantes significativas, mesmo em indivíduos que não apresentam anormalidades do colesterol.
Em um estudo, verificou-se que um programa de exercício físico, realizado por um período de três a seis meses, com freqüência de três vezes por semana, numa intensidade de 50% a 60% do consumo máximo de oxigênio (intensidade moderada), diminui significativamente os níveis de triglicerídeos e aumenta os níveis de HDL colesterol.
Apesar de alguns estudos sugerirem que o exercício físico regular não modifica significativamente a concentração total do LDL colesterol, Williams e seus colaboradores observaram que o treinamento físico reduzia significativamente as subclasses de LDL colesterol pequenas e densas, mais aterogênicas.
O exercício físico também pode modificar a hiperlipidemia pós-prandial (excesso de gordura circulante no sangue após uma refeição), que é um fator de risco para aterosclerose nas artérias. Neste caso, o exercício físico atua no metabolismo das gorduras circulantes, aumentando a atividade de uma enzima (lipase lipoprotéica), diminuindo os níveis de triglicerídeos após um refeição e elevando as concentrações de HDL colesterol.
Esses fatos fizeram com que o exercício físico regular fosse incluído como uma opção de tratamento não-medicamentosa no tratamento das anormalidades do colesterol pelo inúmeras entidades ligadas ao assunto.
Enfim, o exercício físico regular pode ter um papel relevante para a circulação, à medida que a protege contra os efeitos maléficos de uma concentração anormal de gorduras no sangue.
Fonte: Hipertensão.
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