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Insuficiência cardíaca: definição, causas e diagnóstico
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Insuficiência cardíaca: definição, causas e diagnóstico 

A insuficiência cardíaca ou insuficiência cardíaca congestiva é uma condição grave, na qual a quantidade de sangue que o coração é capaz de bombear a cada minuto (débito cardíaco), é insuficiente para suprir as necessidades de oxigênio e nutrientes de todo organismo.
A insuficiência cardíaca tem muitas causas, incluindo as doenças cardiológicas ou doenças de outros órgãos que afetem o funcionamento do coração. Atualmente com as opções de tratamento possíveis, os indivíduos com insuficiência cardíaca podem viver muitos anos. No Brasil, segundo os dados do DATA-SUS, a insuficiência cardíaca é uma das principais causas de hospitalização em nosso país.
Causas
A insuficiência cardíaca pode surgir a partir de qualquer doença que afete o coração e interfira na circulação. Certas doenças podem afetar seletivamente o músculo cardíaco, chamado de miocárdio. São as doenças do músculo cardíaco ou cardiomiopatias, que comprometem a capacidade de contração e relaxamento do coração. Estas miocardiopatias costumam ser divididas em 3 grandes grupos: dilatada (exemplo: cardiomiopatia dilatada causada antracíclicos, usados no tratamento do câncer ou causada de doença de Chagas), restritiva (exemplos: amiloidose e endomiocardiofibrose) e hipertrófica (exemplo: cardiomiopatia hipertrófica). Outras doenças próprias do músculo cardíaco são a displasia arritmogênica do ventrículo direito e o miocárdio não compactado.
A causa mais comum de disfunção do músculo cardíaco é a doença arterial coronariana (cardiopatia isquêmica), caracterizada pela limitação do fluxo de sangue até o miocárdio por placas de gordura ou ateromas, podendo ainda acarretar angina do peito ou infarto do miocárdio, outras manifestações comuns dessa doença.
A miocardite (infecção do miocárdio causada por bactéria, vírus ou outros microrganismos) também pode lesar o músculo cardíaco levando à insuficiência cardíaca.
Doenças das válvulas cardíacas também levam à insuficiência cardíaca. Um estreitamento de uma válvula (exemplo: estenose mitral ou aórtica) poderá obstruir significativamente o fluxo sanguíneo entre as câmaras cardíacas ou entre o coração e as artérias principais do organismo. Por outro lado, uma válvula insuficiente (exemplo: insuficiência mitral ou insuficiência aórtica) poderá acarretar um refluxo significativo do sangue, impedindo que este siga seu caminho normal (sobrecarga de volume). Esses distúrbios valvulares aumentam a carga de trabalho do miocárdio, o que acarreta uma diminuição da força de contração cardíaca e, consequentemente, o quadro de insuficiência cardíaca.
Outras doenças que afetam o sistema de condução elétrica do coração, resultando em batimentos cardíacos lentos, rápidos ou irregulares (arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração), prejudicando o bombeamento do sangue pelo coração, também podem levar à insuficiência cardíaca.
A hipertensão arterial pode fazer com que o coração trabalhe mais vigorosamente, tornando inicialmente a musculatura cardíaca mais espessa (hipertrofia ventricular), dificultando a capacidade de relaxamento cardíaco. Com o tempo, poderá surgir uma dilatação cardíaca, e diminuição da força de contração, com um quadro de insuficiência cardíaca.
Certas cardiopatias congênitas que persistem na vida adulta por falta de uma adequada correção, também podem causar insuficiência cardíaca.
Algumas pessoas podem desenvolver um enrijecimento do pericárdio (membrana fina que reveste o coração) como uma consequência de certas doenças do pericárdio, como por exemplo, a pericardite tuberculosa. Esse enrijecimento, chamado de pericardite constritiva crônica, impede que o coração expanda completamente entre os batimentos e encha de sangue de uma forma adequada.
Embora com uma frequência muito menor, doenças sem causa cardiológica podem levar à insuficiência cardíaca. Nestes casos, apesar do coração ser normal, este torna-se insuficiente por não receber oxigênio e nutrientes adequados (exemplo: cor anêmico causado por uma anemia profunda) ou por não conseguir suprir uma demanda aumentada por parte do organismo (exemplo: tireotoxicose no hipertireoidismo).
As causas da insuficiência cardíaca variam nas diversas regiões do mundo, segundo as diferentes doenças que ocorrem em cada país. Por exemplo, nos países tropicais, certos parasitas podem alojar-se no miocárdio, como é o caso da doença de Chagas, geralmente causando insuficiência cardíaca em pessoas muito mais jovens do que nos países desenvolvidos.
Sintomas
Os pacientes com insuficiência cardíaca descompensada apresentam falta de ar, cansaço e fraqueza. A adrenalina e a noradrenalina liberadas em excesso fazem com que o coração trabalhe mais vigorosamente, ajudando-o a aumentar o débito sanguíneo até certo ponto, compensando o problema de bombeamento temporariamente. O débito cardíaco pode retornar ao normal, embora, geralmente, às custas de um aumento da frequência cardíaca e de um batimento cardíaco mais forte.
No indivíduo sem cardiopatia que necessita de um aumento momentâneo da função cardíaca, essas respostas são benéficas. No entanto, naquele com cardiopatia crônica, essas respostas podem gerar, no longo prazo, demandas maiores a um sistema cardiovascular que já se encontra lesado. Com o decorrer do tempo, essa demanda acarreta uma deterioração da função cardíaca. Outro mecanismo corretivo consiste na retenção de sal (sódio) pelos rins, para manter constante a concentração de sódio no sangue. Neste contexto ocorre uma retenção de água concomitantemente. Essa água adicional aumenta o volume sanguíneo circulante e, a princípio, melhora o desempenho cardíaco. Uma das principais consequências da retenção de líquido é que o maior volume sanguíneo promove a distensão do miocárdio. Esse músculo distendido contrai com mais força, da mesma maneira que o fazem os músculos distendidos do atleta antes do exercício. Esse é um dos principais mecanismos utilizados pelo coração para melhorar seu desempenho em atividades físicas, pois os seus músculos não recebem um aporte adequado de sangue.
O edema (acúmulo de líquidos) também provoca muitos sintomas. Além da influência exercida pela força da gravidade, a localização e os efeitos do edema são influenciados pelo lado do coração que apresenta maior comprometimento. Freqüentemente , existe um predomínio dos sintomas da doença que são provenientes de um dos lados do coração afetado.
A insuficiência cardíaca direita tende a produzir acúmulo de sangue que flui para o lado direito do coração. Esse acúmulo acarreta edema dos pés, tornozelos, pernas, fígado e abdômen.
A insuficiência cardíaca esquerda acarreta um acúmulo de líquido nos pulmões (edema pulmonar), causando uma dificuldade respiratória intensa. Inicialmente, a falta de ar ocorre durante a realização de um esforço físico, mas com a evolução da doença ela também ocorre em repouso. Algumas vezes, a dificuldade respiratória manifesta-se à noite, quando a pessoa está deitada, em decorrência do deslocamento do líquido das pernas em direção ao coração (ortopneia). Frequentemente, o indivíduo acorda com dificuldade respiratória ou apresentando sibilos ou chio de peito (dispneia paroxística noturna). Ao sentar-se, o líquido é drenado dos pulmões, o que torna a respiração mais fácil. Os indivíduos com insuficiência cardíaca podem ser obrigadas a dormir na posição sentada para evitar que isso ocorra. Um acúmulo exagerado de líquido (edema agudo de pulmão) é uma emergência potencialmente fatal.
Diagnóstico
A descrição dos sintomas de insuficiência cardíaca geralmente é suficiente para que os médicos suspeitem do diagnóstico de insuficiência cardíaca. Os eventos a seguir podem confirmar o diagnóstico inicial: pulso fraco e acelerado, hipotensão arterial, determinadas anomalias nas bulhas cardíacas, aumento do coração, dilatação das veias do pescoço, acúmulo de líquido nos pulmões, aumento do fígado, ganho rápido de peso e acúmulo de líquido no abdômen ou nos membros inferiores.
O eletrocardiograma poderá demonstrar um aumento das câmaras do coração, presença de alterações do ritmo cardíaco e, ainda fornecer indícios sobre a causa da insuficiência cardíaca.
Uma radiografia de tórax também poderá revelar um aumento do coração e o acúmulo de líquido nos pulmões. Frequentemente, o desempenho cardíaco é avaliado através de outros exames, como o ecocardiograma, que utiliza ondas sonoras para gerar uma imagem do coração.
O ecocardiograma nos fornece indícios sobre a causa da insuficiência cardíaca, bem como o tipo de disfunção cardíaca (preservação ou redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, ou seja, sua capacidade de contração) existente: alteração de relaxamento (insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada), diminuição da força de contração (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida) ou ambos mecanismos. O ecocardiograma ainda fornece elementos para uma estimativa da gravidade do quadro.
Outros exames de laboratório (dosagem de troponinas, BNP, Pró-BNP, entre outros) e cardiológicos (Holter de eletrocardiograma, teste cardiopulmonar ou ergoespirometria, cintilografia de perfusão miocárdica, ressonância magnética cardíaca, angiotomografia coronariana, cineangiocoronariografia e cateterismo cardíaco, entre outros) poderão ser realizados para se determinar a causa subjacente e gravidade da insuficiência cardíaca.
Uma radiografia de tórax também poderá revelar um aumento do coração e o acúmulo de líquido nos pulmões. Frequentemente, o desempenho cardíaco é avaliado através de outros exames, como o ecocardiograma, que utiliza ondas sonoras para gerar uma imagem do coração.
O ecocardiograma nos fornece indícios sobre a causa da insuficiência cardíaca, bem como o tipo de disfunção cardíaca (preservação ou redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, ou seja, sua capacidade de contração) existente: alteração de relaxamento (insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada), diminuição da força de contração (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida) ou ambos mecanismos. O ecocardiograma ainda fornece elementos para uma estimativa da gravidade do quadro.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.

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