O consumo de bebidas adoçadas artificialmente, como os refrigerantes, sucos, chás e bebidas energéticas, faz parte do cotidiano de muitas crianças e adultos em todo o mundo.
Um estudo publicado no ano de 2007, que analisou os dados da população de Framingham (Estados Unidos), revelou que os indivíduos que consumiam um ou mais refrigerantes por dia, quando comparados com aqueles que não consumiam essa bebida, apresentavam risco maior de desenvolver obesidade, hipertensão arterial, alterações do metabolismo da glicose (incluindo diabete melito) e alterações do metabolismo das gorduras do sangue, como HDL colesterol (“bom colesterol”) baixo e/ou triglicerídeos elevados.
Esse conjunto desses fatores de risco é conhecido como síndrome metabólica, condição que aumenta o risco de complicações cardiovasculares, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (derrame cerebral).
Posteriormente, em 2016, foi publicada uma análise conjunta dos resultados de sete estudos (meta-análise), que incluiram mais de 300.000 pessoas. Essa meta-análise revelou que o consumo de bebidas adoçadas artificialmente aumentava o risco de complicações cardiovasculares, como a doença arterial coronariana (obstruções das artérias do coração por placas de gordura) e doença cérebro-vascular (obstruções das artérias cerebrais por placas de gordura).
A epidemia da obesidade é a maior responsável pelo aumento do número de novos casos de diabete melito e hipertensão arterial. No Brasil, estima-se que mais de 10% dos adultos sejam diabéticos e um terço seja portador de hipertensão arterial. Por outro lado, não há dúvida que o consumo disseminado de bebidas adoçadas artificialmente desempenha um papel importante no aumento da prevalência do sobrepeso e obesidade em todo o mundo.
A luz dos conhecimentos científicos, o consumo de bebidas adoçadas artificialmente deve ser desencorajado.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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