Todos nós sabemos que a atividade física faz bem à saúde. Contudo, incluir a atividade física em sua rotina, muitas vezes como parte de um tratamento, já é algo mais difícil. Para felicidade da turma dos “30 todo dia” (30 minutos diários de atividade física), e da crescente turma da medicina de mudança do estilo de vida, e certo desespero de todos nós, a American Heart Association (AHA) divulgou um artigo em novembro de 2018 com as diretrizes para atividade física baseadas em desfechos (complicações) cardiovasculares, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e morte.
A atividade física está atrelada positivamente a complicações cardiovasculares, e melhorias da qualidade de vida. De modo direto, a atividade física diminui o risco de morte, gravidade de doenças cardiovasculares, e ainda impede a sua progressão. Atua também sobre os diversos fatores de risco para as doenças cardiovasculares, diminuindo a pressão arterial, níveis de glicemia, além de estimular a perda e manutenção do peso (especialmente quando associada à restrição calórica), diminui a gravidade do diabete melito do tipo 2 (DM2), com menores índices de hemoglobina glicada (exame que avalia o controle do DM2 nos últimos 3 meses), e diminui o risco de surgimento de novos casos de DM2 em 25 a 35%.
Com o objetivo de diminuir em 20% a mortalidade por doenças cardiovasculares entre os norte-americanos até 2020, a AHA estudou quais as quantidades adequadas de atividade física como parte do tratamento das doenças cardiovasculares. A conclusão dos estudos reforçou o dado antigo da última diretriz: a dose com eficácia para benefício cardiovascular é de 150 a 300 minutos semanais de atividade física aeróbica moderada e 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de alta intensidade.
Para facilitar a categorização, a AHA define como moderada intensidade uma atividade física que te permita falar enquanto a executa, porém não permite cantar. Já por alta intensidade, entende-se a atividade que te permite apenas dizer palavras sem que a fala seja interrompida por causa da respiração.
Algumas mudanças interessantes nas descobertas e recomendações serão destacadas a seguir. Os benefícios são doses dependentes, porém esgotáveis, de modo que o benefício é tanto maior quanto maior for a dose porém doses maiores que 300 minutos semanais não implicam maiores benefícios cardiovasculares, porém, acarretam outros benefícios para saúde em geral. Para quem se exercita diariamente, o benefício está ligado à quantidade semanal de 150 a 300 minutos, não importando a forma de distribuição das práticas ao longo da semana, desde que juntas somem esse montante de tempo.
No entanto, os benefícios começam a partir de qualquer dose e não mais com o mínimo de 10 minutos como se preconizava na última diretriz. De mesmo modo, o tipo ou modalidade da atividade não tem relevância, desde que se mantenha o requisito de intensidade. Dessa forma, subir escadas em detrimento do elevador, ir para o trabalho a pé ou descer um ou dois pontos antes no transporte coletivo já são medidas que contam como benéficas e atendem a soma dos 150 minutos semanais.
A AHA também iniciou um foco de estudos direcionados para efeitos da atividade física sobre o cérebro. Além das complicações cerebrovasculares evidentes (acidente vascular cerebral, por exemplo), ainda se percebeu uma menor incidência de demências, redução de sintomas ansiosos, menor incidência de depressão e melhor percepção da qualidade de vida geral.
Agora que você conhece em detalhes os benefícios e as quantidades de atividade física, como parte do tratamento das doenças cardiovasculares, está convidado a incluir essas metas de atividade físicas em sua rotina semanal.
Autor: Dr. Marcelo Gobbo Jr. Residente de Medicina da Família e Comunidade pela Fundação Pio XII – Hospital do Câncer de Barretos.
Fonte: PEBMED.
Comentário do autor do Portal do Coração:
Um recente estudo demonstrou que, em idosos, a realização de caminhadas regulares e curtas associavam-se a uma menor risco de morte, quando esses indivíduos eram comparados a outros idosos sedentários.
Os idosos sedentários, quando comparados com aqueles que praticavam caminhadas regulares e de curta duração, apresentavam a uma maior taxa de mortalidade, principalmente por doenças respiratórias, seguida de doenças cardiovasculares e câncer.
Dr. Tufi Dippe Jr. Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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