O diabete melito do tipo 2 costuma iniciar após os 40 anos de idade, e apresenta uma forte relação com a obesidade central (acima da cintura). Esses diabéticos são considerados de alto risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco) ou o derrame cerebral.
Enquanto cerca de 30% da população geral morre de uma doença cardiovascular, no grupo dos pacientes diabéticos do tipo 2, essa proporção costuma ser superior a 50%. Não existem dúvidas que as doenças cardiovasculares sejam a principal causa de morte em diabéticos do tipo 2.
O uso dos agentes antiplaquetários, que diminuem a agregação das plaquetas no sangue, pode diminuir risco de formação de trombos (coágulos), podendo ser uma estratégia para à prevenção cardiovascular em pacientes sem ou com uma doença cardiovascular estabelecida, ou seja, para uma prevenção primária ou secundária.
A força do benefício na prevenção secundária levou à sugestão de que o uso de Ácido Acetilsalicílico (AAS), mais conhecido como Aspirina, seria também benéfico para a prevenção primária em pacientes diabéticos do tipo 2. Um recente estudo questionou o papel do AAS na prevenção primária das doenças cardiovasculares em diabéticos do tipo 2. Foram incluídos 1276 pacientes diabéticos do tipo 2, sem evidência de doença cardiovascular, sendo que metade destes usou 100mg ao dia de AAS e a outra metade, usou comprimidos de placebo (sem ação terapêutica). Estes pacientes foram acompanhados por um tempo médio de 6,7 anos.
O desfecho primário principal avaliado pelo estudo foi a composição dos seguintes eventos: morte por doença coronariana ou derrame cerebral, infarto ou derrame não-fatal, amputação acima do tornozelo ou isquemia grave de membro inferior. A idade média dos indivíduos ao início do estudo era de 60 anos nos dois grupos. Comparando-se aqueles que usaram o AAS com aqueles que não fizeram o seu uso, não houve qualquer diferença no risco de eventos entre os dois grupos.
Diante desses novos resultados, parece mesmo improvável que haja benefício do uso do AAS na prevenção primária para a maioria dos pacientes diabéticos. O uso do AAS na prevenção secundária, ou seja, em pacientes que já apresentaram algum evento cardiovascular prévio, é benéfico e sustentado amplamente pelos estudos médicos. Lembramos ainda que, o AAS aumenta o risco de sangramentos.
Fonte: British Medical Journal (2009).
Texto revisado por Nícia Padilha.
Artigos relacionados
Veja também
Medicamentos para emagrecer são seguros para o coração?
Atualmente temos alguns medicamentos aprovados pela ANVISA para tratar a obesidade no Brasil, como o Orlistat, Sibutramina, Liraglutida e Semaglutida. Orlistat (Lipiblock, Xenical) 1- Atua inibindo a absorção de parte da gordura dos alimentos. 2- Não apresenta efeitos sobre o sistema cardiovascular, logo, pode ser…
Alteração difusa da repolarização ventricular (ADRV)
O termo alteração difusa de repolarização ventricular é utilizado em laudos de eletrocardiograma (ECG) para descrever alterações do segmento ST do ECG, como ausência, achatamento ou inversões assimétricas das ondas T. Alguns médicos podem empregar a abreviatura ADRV. A onda T é um dos elementos…
Holter (eletrocardiografia dinâmica de 24 horas)
Norman Holter foi um biofísico norte-americano que inventou o monitor Holter em 1949, um aparelho portátil para a monitorização contínua da atividade elétrica do coração por 24 horas ou mais (eletrocardiografia dinâmica). Para a monitorização contínua do traçado eletrocardiográfico é necessário colocar eletrodos na parede…
Cinco bons motivos para você fazer seu check-up cardiológico
Abaixo enumeramos cinco bons motivos para as pessoas realizarem um check-up cardiológico: 1-Prevenção e Detecção Precoce: o check-up cardiológico é essencial para prevenir doenças cardiovasculares e detectar problemas de saúde cardíaca em estágios iniciais. A avaliação médica regular pode identificar fatores de risco, como hipertensão,…