A aterosclerose é a formação de placas de gordura ou ateromas na parede das artérias, e suas manifestações clínicas, como a angina do peito, infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e o acidente vascular cerebral (derrame cerebral), são as principais causas de morte na população.
As anormalidades do colesterol total e de suas frações são um dos principais fatores de risco para à aterosclerose.
O colesterol total é composto pelos triglicerídeos, LDL-colesterol (colesterol ruim) e o HDL-colesterol (colesterol bom). Esse último, o HDL-colesterol, é responsável pelo ciclo reverso do colesterol, ou seja, pela retirada das gorduras das artérias, levando-as até o fígado, para que sejam eliminadas.
A elevação de 1mg/dl do HDL-colesterol reduz o risco relativo de um infarto do miocárdio em 2%. Os valores desejáveis do HDL-colesterol devem ser maiores que 40 mg/dl.
Medicamentos
Atualmente temos drogas muitos efetivas para a redução do LDL-colesterol, como as estatinas (são as drogas mais usadas, podem promover reduções da ordem de até 60%), inibidores da PCSK9 (são drogas injetáveis que proporcionam grandes reduções do LDL-colesterol em pacientes que já usam estatinas ou que são intolerantes a essas drogas) e a ezetimiba (droga que diminui a absorção do colesterol pelo intestino). As estatinas acarretam pequenas elevações do HDL-colesterol.
Um estudo recente, chamado REVEAL, demonstrou um aumento médio de 43 mg/dl (107%) nos níveis do HDL-colesterol por meio do uso de um medicamento chamado Anacetrapide. Os pacientes desse estudo já faziam uso de Atorvastatina, e após um acompanhamento médio de 4,1 anos o objetivo composto primário do estudo (morte de causa coronariana, infarto do miocárdio ou revascularização coronária) foi reduzido em 9%.
Mudanças do estilo de vida
Para obtermos um aumento dos níveis do colesterol bom algumas mudanças no estilo de vida deverão ser adotadas. A redução do peso corporal (5 a 10% pelo menos) pode aumentar o HDL-colesterol em 5 a 20%; a cessação do tabagismo em 5%; a redução da ingestão de álcool para níveis moderados (cerca de duas taças de vinho ou duas doses de destilados ou duas latas de cerveja nos homens, e metade dessas quantias para as mulheres) em 5 a 10%.
No entanto, a medida de hábito de vida que mais aumenta o HDL-colesterol é a prática regular de exercícios, proporcionando elevações de até 30%. O HDL-colesterol sofre pouca influência alimentar, no entanto, ele poderá ser reduzido quando há excesso no consumo de gorduras trans, presentes em bolos, bolachas, biscoitos e sorvetes.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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