Em 2013, o levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) revelou um total de 80 mil cirurgias bariátricas naquele ano. A atual preocupação é o potencial de readquirir total ou parcialmente o peso perdido com a gastroplastia.
Estudos recentes mostram que essa possibilidade ocorre em até 20% dos pacientes após alguns anos da operação. Nos superobesos (IMC maior que 50 Kg/m2) este índice pode chegar a 35%.
Então, ao ano, são 6 a 12 mil obesos que voltam a engordar, a apresentar toda a gama de doenças associadas à obesidade como diabete melito, hipertensão arterial, dislipidemia (aumento do colesterol e triglicerídeos), apneia do sono, artropatias, entre outras, sem contar a baixa autoestima e problemas psicológicos ou psiquiátricos.
Causas potenciais do reganho de peso
Com o passar dos meses e anos, ocorre:
• Aumento do apetite;
• Aumento da capacidade reservatória do estômago operado;
• Aumento na ingestão de carboidratos, como doces, massas e álcool;
• Sedentarismo;
• Perda de massa magra com o emagrecimento, levando a um gasto energético ainda menor;
• Permanência das pressões sociais e culturais na vida dos pacientes;
• Perda do seguimento com a equipe multidisciplinar, como nutricionista, psicóloga e endocrinologista.
Outras causas de reganho de peso ou de perda insuficiente são a má escolha da técnica cirúrgica pelo paciente ou cirurgião e as alterações anatômicas no estômago operado como a dilatação (alargamento) da saída deste estômago para o intestino, chamada de anastomose (no caso da cirurgia de Capella/Bypass Gástrico).
O que fazer?
Primeiro de tudo, o paciente deve ser reintroduzido na equipe multidisciplinar, como nutricionista, para adequar a alimentação; psicóloga para diagnosticar e tratar ansiedade e demais transtornos do apetite e retorno à atividade física.
Além disso, contar com o argônio também é uma opção. Esse método vem ganhando cada vez mais espaço entre os bariátricos que reganharam peso.
O que é e como funciona o Argônio?
É um gás inodoro, inerte e não tóxico que promove coagulação térmica com o plasma sem contato do cateter com a mucosa.
A ampla abertura da anastomose (saída do estômago operado) faz com que o alimento rapidamente esvazie para o intestino, reduzindo a saciedade e aumentando o apetite e a ingestão de alimentos. Sendo assim, o argônio promove uma “cauterização” de toda circunferência da anastomose com redução de seu diâmetro.
Isso leva à restrição da passagem dos alimentos, saciedade precoce e perda de peso. Baseado nisso, são realizadas em média 2 a 3 sessões de endoscopia com intervalo de 6 a 8 semanas entre cada uma.
O objetivo é reduzir o diâmetro da anastomose para menos de 12mm, se possível para menos de 9 mm.
Quem pode fazer o argônio?
• Pacientes com mais de 18 meses pós-gastroplastia do tipo Bypass Gástrico (Capella);
• Pacientes com perda insuficiente ou reganho de peso com mais de 10% do peso mínimo atingido após a cirurgia bariátrica;
• Diâmetro mínimo da anastomose de 15 a 20 mm.
Vantagens e resultados
As principais vantagens são ser minimamente invasivo (não precisa de cirurgia), não é necessária internação, pode ser feito quantas vezes for necessário, é aprovado pela Anvisa e os riscos são mínimos.
A média de perda de peso, segundo a tese de doutorado do Dr. Giorgio Baretta, é de cerca de 90% do peso reganhado.
O Dr. Giorgio Baretta vem, desde 2009, desenvolvendo e aprimorando esta técnica endoscópica, além de orientar vários endoscopistas do Brasil. Já são algumas centenas de pacientes tratados por este método no Brasil.
Porém, é importante lembrar que o argônio não funciona sozinho. É necessária a mudança no estilo de vida do paciente, a atividade física, o acompanhamento psicológico e a disciplina alimentar.
Autor: Dr. Giorgio Baretta.
Fonte: giorgiobaretta.com.br
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