Possuir um cão diminui o risco de doença e morte cardiovascular entre seus donos. Essa é a constatação principal de dois trabalhos científicos apresentados no Congresso Mundial de Cardiologia (Dubai, 2018).
Os estudos foram realizados a partir de uma numerosa população de indivíduos suecos, com ou sem antecedentes de doença cardiovascular. O período médio de acompanhamento foi de 12 anos.
Os autores concluíram que ser dono de um cão relacionou-se a menor incidência de morte e doenças cardiovasculares, além de redução do risco de mortalidade por outras causas.
Em lares com múltiplos indivíduos, a redução do risco foi de 11% para mortalidade geral e 15% para mortalidade por doença cardiovascular. Em lares com apenas uma pessoa, a redução do risco foi ainda maior: 33% e 36% para mortalidade geral e por doença cardiovascular, respectivamente.
Nesses lares, possuir um cão esteve inversamente relacionado à incidência de eventos cardiovasculares maiores, como o infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca).
Entre os pacientes de prevenção secundária, ou seja, aqueles que já tinham sofrido um infarto do miocárdio e/ou acidente vascular cerebral, também observou-se uma redução do risco. Ter um cão associou-se a redução de mortalidade em um ano na ordem de 28% para aqueles que tiveram infarto do miocárdio prévio, e de 23% para aqueles com antecedentes acidente vascular cerebral. Novamente, o efeito protetor foi mais importante entre os indivíduos que viviam sozinhos.
Quais são as possíveis explicações para tais achados?
Algumas hipóteses foram aventadas para tentar explicar essa associação:
1- “Efeito emocional positivo”: pessoas que possuem cães sentem menos solidão, sintomas de estresse, tristeza ansiedade.
2- Pessoas que têm cachorros se exercitam mais. Mesmo caminhadas de baixa intensidade e curta duração podem trazer benefícios para a esfera física e mental.
3- Pessoas que têm laços emocionais com seus cães sentem-se diretamente responsáveis por eles. Isso as motiva a se cuidarem mais, aderir melhor aos tratamentos e consultas médicas.
Fonte: World Congress of Cardiology – 2018.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
Artigos relacionados
Veja também
Medicamentos para emagrecer são seguros para o coração?
Atualment temos 3 medicamentos aprovados pela ANVISA para tratar a obesidade no Brasil: Orlistat, Sibutramina e Liraglutida. Orlistat (Lipiblock, Xenical) 1- Atua inibindo a absorção de parte da gordura dos alimentos. 2- Não apresenta efeitos sobre o sistema cardiovascular, logo, pode ser usado com segurança…
Alteração difusa da repolarização ventricular (ADRV)
O termo alteração difusa de repolarização ventricular é utilizado em laudos de eletrocardiograma (ECG) para descrever o achatamento ou ausência das ondas T no traçado do ECG. Alguns médicos podem empregar a abreviatura ADRV. A onda T é um dos elementos observados no traçado do…
Isolamento social e solidão aumentam o risco de doenças cardiovasculares em mulheres idosas, diz estudo
Um estudo realizado nos Estados Unidos avaliou o impacto do isolamento social e solidão no risco de desenvolver doenças cardiovasculares (DCV) em mulheres idosas. Um total de 57.825 mulheres, com 65 anos de idade ou mais, foram avaliadas quanto ao seu grau de isolamento social…
Qual o efeito da cirurgia bariátrica sobre a hipertensão arterial no longo prazo?
A hipertensão arterial (HA) é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio, que por sua vez, são as principais causas de morte no país. A doença afeta cerca de 25% dos adultos, sendo que sua…