O manejo de pacientes com stents coronarianos que precisam de uma cirurgia é uma das questões de segurança mais importantes que os médicos enfrentam. A trombose tardia do stent (formação de um coágulo em torno do stent) é uma complicação que ameaça a vida dos pacientes com stents convencionais e, principalmente, daqueles com stents farmacológicos.
A cirurgia não-cardíaca parece elevar o risco de trombose do stent, infarto miocárdico e morte, particularmente quando os pacientes são submetidos à cirurgia precocemente após a implantação do stent. A incidência de complicações aumenta quando a terapia antiplaquetária dupla (aspirina mais clopidogrel ou aspirina mais prasugrel ou aspirina mais ticagrelor) é descontinuada no pré-operatório.
Há uma concordância geral de que a aspirina deve ser continuada no período perioperatório, exceto em circunstâncias em que o risco de hemorragia sobrepõe significativamente o benefício da anticoagulação contínua. Uma publicação recente da revista Anesthesia & Analgesia apresenta considerações para anestesia regional e recomendações pós-operatórias. Cirurgias eletivas, passíveis de espera, devem ser postergadas, garantindo o uso de terapia antiplaquetária dupla em pacientes com stents farmacológicos por no mínimo um ano.
A angioplastia coronariana constitui o tratamento definitivo para trombose do stent perioperatória e o acesso 24 horas por dia a um cardiologista intervencionista deve estar prontamente disponível.
Fonte: Anesthesia & Analgesia.
Comentário: a terapia antiplaquetária dupla deverá ser instituída e mantida por pelo menos um mês para os stents convencionais e, cerca de um ano para os stents farmacológicos. A suspensão indevida desta terapia antiplaquetária dupla é o principal fator associado a trombose tardia do stent, uma complicação potencialmente fatal, pois clinicamente apresenta-se sob a forma de infarto do miocárdio ou morte súbita.
Cirurgias eletivas que não podem esperar este período devem ser feitas preferencialmente mantendo a aspirina, caso o risco de sangramento seja tolerável. Cirurgias eletivas que podem esperar esse período devem ser adiadas.
Autor: Dr. Tufi Dippe Júnior – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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