Suplementos de vitaminas e sais minerais são ingeridos por milhões de adultos em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Uma recente meta-análise (análise conjunta do resultado de vários estudos) demonstrou que esses suplementos não ajudam a prevenir ou tratar doenças cardiovasculares. Talvez a única exceção seja a suplementação de ácido fólico, que parece reduzir o risco de acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame cerebral.
Os resultados reforçam as recomendações atuais para que as pessoas adotem dietas saudáveis, ricas em frutas, verduras e legumes, pois esses alimentos são ricos em vitaminas antioxidantes que podem reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Suplementos de vitaminas e sais minerais são amplamente utilizados com a expectativa de melhorar a saúde geral e longevidade. Em 2012, segundo um levantamento realizado nos Estados Unidos, mais da metade da população norte-americana (52%) estava tomando algum tipo de suplemento.
Pesquisadores do Departamento de Ciências Nutricionais da Universidade de Toronto (Canadá) realizaram uma meta-análise que incluiu 179 ensaios clínicos relevantes sobre o uso de suplementos de vitaminas e sais minerais publicados entre janeiro de 2012 até outubro de 2017.
Eles descobriram que nenhum dos quatro suplementos mais usados (polivitamínicos, vitamina D, cálcio e vitamina C) teve um efeito significativo sobre o risco de complicações cardiovasculares, mortalidade cardíaca ou mortalidade por outras causas. A única exceção parece ser o benefício do ácido fólico na prevenção do derrame cerebral.
Fonte: Journal of American College of Cardiology.
Comentário do autor:
O benefício da ingestão regular de frutas, verduras e legumes em relação à redução do risco de complicações cardiovasculares foi demonstrado em diversos estudos. Além disso, esses alimentos são parte fundamental de padrões alimentares saudáveis, como a dieta vegetariana, Mediterrânea e DASH, as quais podem reduzir o risco de eventos cardiovasculares.
A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é um padrão alimentar que reconhecidamente reduz a pressão arterial e o risco de derrame cerebral, independente do seu conteúdo de sódio.
Esta dieta inclui o consumo de grãos e cereais integrais, frutas, legumes, verduras, leites e derivados desnatados, carnes magras, leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico), nozes, castanhas, óleos vegetais (milho, girassol, canola , soja, azeite de oliva), margarinas vegetais cremosas ou light. Os doces deverão ser consumidos com moderação e, de preferência, os de baixo valor calórico.
A dieta Mediterrânea é seguramente benéfica na prevenção e combate ao processo de aterosclerose. Essa dieta baseia-se num conjunto de tradições alimentares de países do mediterrâneo, como a Grécia, Itália, Espanha e Portugal.
A dieta Mediterrânea inclui: azeitonas e azeite de oliva; grãos inteiros (especialmente em pães e cereais, ao invés de grãos refinados dos pães brancos, massas e bolos); poucos doces; pouca carne vermelha, ingestão abundante de peixes, alguns frutos do mar e frango; queijos brancos, mas pouco leite; ingestão diária de frutas, legumes e verduras; oleaginosas e frutos secos como damascos e tâmaras; ingestão moderada de vinho tinto, ou seja, duas taças para os homens e uma taça para as mulheres.
Devemos salientar que a ingestão de bebidas alcoólicas não deve ser estimulada com uma medida de prevenção ou tratamento de doenças cardiovasculares.
“O Portal do Coração adverte: nunca inicie, troque ou suspenda um medicamento sem orientação médica”.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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