O diagnóstico da hipertensão arterial fundamenta-se inicialmente na medida da pressão arterial realizada nos consultórios médicos. Infelizmente, a pressão arterial poderá alterar-se significativamente por influência do ambiente médico (consultório, clínica ou hospital). Tal fato dificulta o correto diagnóstico da doença.
Neste contexto, poderão ocorrer as seguintes situações em relação a pressão arterial:
– Não ocorrer alteração significativa. Corresponde a maioria dos casos de hipertensão arterial.
– Ocorrer o “efeito do avental branco”, ou seja, uma elevação da pressão arterial que ocorre em pessoas com ou sem hipertensão arterial, mas que não altera o seu diagnóstico definitivo (por exemplo: em pessoas sem hipertensão arterial essa elevação não é suficiente para colocá-lo na categoria de um paciente hipertenso).
– Ocorrer a “hipertensão do avental branco”, ou seja, uma elevação da pressão arterial a um nível de hipertensão arterial (pressão arterial igual ou maior que 140/90 mmHg) em uma pessoa que fora do consultório é apresenta pressão arterial normal. Corresponde a cerca de 15 até 30% dos pacientes com suspeita de hipertensão arterial.
-Ocorrer a “hipertensão mascarada” (normotensão do consultório), ou seja, uma queda da pressão arterial para valores menores 140/90 mmHg em pacientes que são realmente hipertensos fora do consultório. Corresponde a cerca de 7% do total de hipertensos.
Por isso, uma grande proporção dos pacientes hipertensos necessitará de uma confirmação de seu diagnóstico através de um exame que analise a pressão arterial fora do ambiente médico ou de consultório, como a MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial) ou a MRPA (monitorização residencial da pressão arterial).
A “hipertensão mascarada” (normotensão do avental branco)
Os achados que nos orientam a suspeitar desta situação são: pressão arterial no limite superior da normalidade (limítrofes), jovens com pressão arterial casual (aquela medida no consultório) normal ou limítrofe com a presença de hipertrofia de ventrículo esquerdo (espessamento do músculo do coração), pais hipertensos, tabagismo, diabete melito, idosos, relato de medidas ocasionalmente elevadas fora do consultório e risco cardiovascular elevado (presença de outros fatores de risco cardiovascular).
Meta-análises (análise conjunta do resultado de vários estudos) indicam que a ocorrência de eventos cardiovasculares (derrame cerebral ou infarto do miocárdio, por exemplo) é cerca de duas vezes maior na hipertensão mascara do que na normotensão. Em diabéticos, a hipertensão mascarada está associada a um risco aumentado de comprometimento renal, especialmente quando a elevação da pressão arterial ocorre durante o sono.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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