O infarto do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, é uma emergência médica em que parte do fluxo sanguíneo do coração sofre uma interrupção súbita e intensa, produzindo a morte das células do músculo cardíaco (miocárdio).
O pico de ocorrência do primeiro infarto do miocárdio costuma ser aos 55 anos de idade nos homens e aos 63 anos de idade nas mulheres.
Em geral, o infarto do miocárdio ocorre quando há uma interrupção súbita e intensa do fluxo de sangue através de uma artéria coronária que irriga uma determinada região do coração, ocorrendo morte de parte do tecido cardíaco. Geralmente a causa desta interrupção do fluxo sanguíneo é um “acidente de uma placa de ateroma”, ou seja, uma ruptura de uma placa de gordura.
Esta ruptura acarreta a formação de um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo neste local da artéria. O infarto do miocárdio é uma das manifestações da doença arterial coronariana, caracterizada pela formação de ateromas na parede das artérias coronárias.
Raramente o infarto do miocárdio ainda poderá ser ocasionado por outras causas, como o uso de drogas ilícitas (cocaína e derivados), aneurismas das artérias coronárias, dissecção aórtica aguda com acometimento da origem das artérias coronárias, vasculites (inflamação das artérias coronárias), embolização por um coágulo que sai da cavidade cardíaca e se aloja na artéria coronária, ou ainda, por uma vegetação que se solta de uma válvula acometida por endocardite infecciosa.
O eletrocardiograma no infarto do miocárdio
Este exame deve ser realizado idealmente em menos de 10 minutos da chegada do paciente ao serviço de emergência. O eletrocardiograma é fundamental para a definição do tipo tratamento que será adotado nos pacientes com suspeita de infarto do miocárdio.
Conforme o traçado do eletrocardiograma, o médico assistente poderá suspeitar que a artéria que causa o infarto do miocárdio esteja obstruída parcialmente ou totalmente (infarto do miocárdio sem ou com supradesnível do segmento ST no eletrocardiograma, respectivamente).
No primeiro caso não será necessário a realização de um cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia de emergência, pois nestes casos o tratamento inicial será com medicações para tentar dissolver o coágulo (trombo), formado na artéria (medicamentos antiplaquetários e anticoagulantes).
No segundo caso será necessário utilizar uma opção de tratamento que possibilite abrir a artéria totalmente obstruída (terapia de reperfusão) o mais rápido possível, desta forma, minimizando a área cardíaca afetada pelo infarto do miocárdio. Para tal, dispomos de duas modalidade de tratamento: trombolíticos (administrados de forma injetável através de uma veia no braço, processo chamado de trombólise) ou a angioplastia coronariana primária (introdução de um cateter provido de uma balão em sua extremidade, até o local obstruído, permitindo assim, o restabelecimento do fluxo de sangue).
Em pacientes com sintomas sugestivos de infarto do miocárdio a elevação do segmento ST do eletrocardiograma tem especificidade de 91% (apenas em 9% dos casos não há um infarto), mas apenas 46% de sensibilidade (em 54% dos casos esta alteração do eletrocardiograma não está presente num primeiro momento).
A mortalidade aumenta com o número de derivações no eletrocardiograma com supradesnível do segmento ST. Como o eletrocardiograma pode ser inespecífico nas primeiras horas, é importante realizar exames seriados. Eventualmente é necessária a obtenção de outras derivações (V7, V8 ou precordiais direitas) para confirmação diagnóstica.
Embora a presença do supradesnível do segmento ST e/ou o desenvolvimento de uma onda Q sejam altamente indicativos de infarto do miocárdio, eles ocorrem em cerca de apenas 50% dos pacientes com infarto do miocárdio, devendo estes pacientes serem estratificados de acordo com a presença de outras evidências de isquemia miocárdica no eletrocardiograma.
Resultados com infradesnível do segmento ST em duas derivações contíguas ou inversão de onda T conferem risco moderado de síndrome isquêmica aguda (risco de morte e complicações). O exame eletrocardiográfico deve ser repetido após o tratamento inicial.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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