Sabemos que existe uma relação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono e a hipertensão arterial. A apneia do sono caracteriza-se pela presença de roncos, episódios de apneia (pausas respiratórias) e sonolência diurna. Cerca de 50% dos hipertensos podem apresentar algum grau de apneia do sono.
No entanto, não parece ser necessário que haja um quadro clássico de apneia do sono para que ocorra uma elevação da pressão arterial. Essa é a constatação de pesquisadores de Cleveland (Estados Unidos).
Os autores deste recente estudo pesquisaram a qualidade do sono (através de polissonografia) e a pressão arterial (medida algumas vezes durante dois dias consecutivos) em 238 adolescentes com idades que variavam de 13 a 16 anos .
Os pesquisadores ao confrontarem os dados obtidos nos exames de polissonografia com as medidas da pressão arterial, concluíram que os adolescentes que apresentavam um sono ineficaz (menos de 85% de eficácia do sono avaliada pela polissonografia) ou um sono de curta duração (inferior a seis horas), apresentavam níveis de pressão arterial acima do desejado para o seu sexo e altura.
Os achados deste estudo não parecem ser explicados por outros fatores como o peso, nível sócio-econômico, presença de apneia e de outras doenças.
Os autores enfatizam que um quarto dos participantes desse estudo apresentavam um sono ineficaz ou de curta duração, salientando ainda que os adolescentes com distúrbios do sono previamente conhecidos ou portadores de outras doenças foram excluídos da amostra estudada.
As causas deste sono inadequado são desconhecidas. Na amostra do estudo, a presença de asma ou efeito de cigarro e café, causas comuns de sono inadequado, não foram observados.
Os autores concluem afirmando que a prevenção da hipertensão arterial não de envolver apenas a manutenção de um bom peso, hábitos alimentares adequados ou a prática de exercícios físicos, mas também a manutenção de um sono adequado.
Fonte: Circulation.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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