A ocorrência do diabete melito tem aumentado rapidamente em todo o mundo nos últimos anos, chegando a atingir proporções epidêmicas. Estudos projetam que, nos Estados Unidos, haverá aumento de 200% no número de indivíduos portadores de diabete melito, passando de 16,2 milhões em 2005, para 48,3 milhões em 2050.
Nos pacientes portadores de doença arterial coronariana, ou seja, a presença de placas de gordura nas artérias do coração, a presença de diabete melito aumenta em mais de duas vezes o risco de morte em cinco anos, comparativamente à população que não é diabética.
Apesar dos avanços da medicina, verificados nos últimos anos, o diabete melito permanece como um forte preditor de complicações cardíacas, após a realização de uma angioplastia coronariana.
A angioplastia coronariana é um procedimento que consiste na desobstrução de uma artéria estreitada por uma placa de gordura (ateroma), através de um cateter que contém um balão em sua extremidade (cateter-balão).
“Esses resultados desfavoráveis observados em diabéticos são explicados pela presença de níveis de açúcar elevados no sangue, anormalidades do colesterol, resistência à ação do hormônio insulina e a hipertensão arterial, presentes na maioria desses pacientes”, diz o Dr. Augusto Franco de Oliveira, chefe do serviço de cardiologia intervencionista do Hospital do Coração e Hospital Vita Batel.
As anormalidades das gorduras no sangue, resultam frequentemente em elevação dos níveis de triglicerídeos e do colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C ou “colesterol ruim”) e uma diminuição do colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C ou “colesterol bom”).
A presença desses múltiplos fatores de risco resulta em uma rápida progressão da aterosclerose e maior tendência à formação de placas de gordura instáveis, que resultam em eventos cardíacos nessa população de pacientes.
Resultados da angioplastia coronariana em diabéticos
A redução das complicações tardias em pacientes diabéticos submetidos à angioplastia coronariana está relacionada ao uso dos stents farmacológicos, ou seja, aqueles que liberam drogas. Esses dispositivos diminuem as taxas de reestenose coronariana quando comparados aos stents não farmacológicos (convencionais), elevando a durabilidade ao longo prazo do resultado da angioplastia coronariana.
A análise de vários estudos com diabéticos, submetidos ao implante de stent farmacológico e convencional, demonstraram claramente resultados mais favoráveis com os primeiros: reestenose coronária (5,9% versus 42%) e uma menor necessidade de revascularização tardia da artéria , como uma nova angioplastia coronariana ou cirurgia de revascularização miocárdica (7,5% versus 22,9%).
Esses dados apontam para que em pacientes diabéticos submetidos à angioplastia coronariana com implante de stents, estes sejam do tipo farmacológico ao invés do tipo convencional.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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