A doença arterial periférica caracteriza-se pela presença de aterosclerose (placas de gordura ou ateromas) na artéria aorta e seus ramos principais, além do comprometimento das artérias mais periféricas, localizadas nos membros inferiores e superiores.
O estreitamento parcial de uma artéria pela placa de ateroma poderá ser agravado por um “acidente da placa” (formação de um coágulo sanguíneo ou trombose), processo que poderá ocluir totalmente a artéria afetada. Quando uma artéria apresenta um estreitamento por aterosclerose, as partes do corpo supridas por este vaso não recebem uma quantidade adequada de sangue e oxigênio, processo chamado de isquemia tecidual.
Esta isquemia poderá ocorrer de modo súbito (isquemia aguda, geralmente associada a trombose complicando uma placa de ateroma ou pela migração de um coágulo, chamado êmbolo) ou gradual (isquemia crônica, associada a uma placa de ateroma que causa uma obstrução crítica).
Para evitarmos a doença arterial periférica, devemos combater os fatores de risco cardiovascular.
Doença arterial mesentérica
– Sinais, sintomas e diagnóstico:
Como dissemos, a doença arterial periférica poderá causar uma obstrução da aorta abdominal e de seus ramos principais, podendo ser súbita ou gradual. Normalmente ocorre uma obstrução completa e súbita quando um coágulo transportado pela corrente sanguínea aloja-se em uma artéria (embolia) ou quando há a formação de um coágulo em uma artéria já acometida por aterosclerose (“acidente da placa de ateroma”, seguida de uma trombose), ou ainda, quando ocorre uma laceração da parede arterial, como na dissecção aguda da aorta. Geralmente uma obstrução gradual é devida ao processo de aterosclerose.
A circulação intestinal, a qual origina-se a partir da aorta, irriga grande parte do intestino através das artérias mesentéricas. Quando essa artéria é estreitada, o tecido intestinal começa a sofrer as consequências da isquemia. Uma obstrução completa e súbita da artéria mesentérica é uma emergência médica chamada de trombose mesentérica.
O indivíduo que apresenta esse tipo de obstrução apresenta-se gravemente doente, com uma dor abdominal intensa. No início o paciente apresenta vômitos e urgência para evacuar. O abdômen pode apresentar uma distensão discreta. O paciente pode apresentar sangue nas fezes. A pressão arterial pode cair e o indivíduo entrar em choque, principalmente quando o intestino começa a gangrenar (morte do tecido intestinal por falta de irrigação sanguínea). A trombose mesentérica é uma emergência médica grave.
Tipicamente, um estreitamento crônico e gradual das artérias mesentéricas provoca dor abdominal 30 a 60 minutos após uma refeição, pois a digestão exige um maior fluxo de sangue para os intestinos. A dor é constante e, geralmente, localizada na região umbilical, sendo chamada de angina mesentérica. Isto pode fazer com que os pacientes tenham medo de ingerir alimentos, fato que pode levar a uma perda de peso considerável.
O ultrassom vascular pode demonstrar o estreitamento crônico de um artéria mesentérica, causado por uma placa de ateroma (gordura). A arteriografia ou angiografia das artérias mesentéricas mostra com exatidão os locais de obstrução, e sua respectiva gravidade. Em alguns casos, a angiotomografia mesentérica poderá substituir a arteriografia.
-Tratamento:
A sobrevivência de um indivíduo após uma obstrução súbita da artéria mesentérica (trombose mesentérica) e o salvamento do intestino dependem da velocidade com que a irrigação sanguínea é restaurada. Para ganhar um tempo precioso, o indivíduo pode ser submetido a uma cirurgia de emergência, mesmo sem que haja um diagnóstico definitivo. Se a artéria mesentérica estiver obstruída, confirmando a suspeita inicial, apenas a cirurgia imediata poderá restaurar a irrigação sanguínea com rapidez suficiente para salvar a vida do paciente. Uma opção ao tratamento cirúrgico é a infusão de trombolíticos (medicamentos que dissolvem coágulos) através da introdução de um cateter na artéria mesentérica.
O ultrassom vascular e a angiografia das artérias mesentéricas são úteis para determinar a extensão da obstrução, e para confirmar a necessidade de uma revascularização por angioplastia ou por uma cirurgia nos casos crônicos de angina mesentérica.
-Prevenção:
Visa combater os fatores de risco para à aterosclerose. O surgimento e a progressão da aterosclerose relacionam-se com a presença dos fatores de risco cardiovascular. Os principais são: hipertensão arterial, dislipidemias (níveis elevados de “colesterol ruim” ou LDL-colesterol e níveis baixos de “colesterol bom” ou HDL-colesterol), tabagismo, diabete melito, obesidade (principalmente a obesidade acima da cintura), sedentarismo e estresse psicossocial. O fato de um indivíduo ter um parente de primeiro grau (pais, irmãos e avós) que tenha apresentado aterosclerose precoce (parente homem com menos de 55 anos e parente mulher com menos de 65 anos), também caracteriza um importante fator de risco (história familiar positiva para aterosclerose prematura).
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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