O efeito anti-hipertensivo das estatinas, as drogas redutoras do colesterol mais utilizadas em todo o mundo, tem sido avaliado em alguns trabalhos.
Um recente estudo avaliou o efeito das estatinas em 973 homens e mulheres americanos, sem doença cardiovascular ou diabete melito e com um nível de LDL-colesterol (colesterol “ruim”) entre 115 e 190 mg/dL.
Na amostra, haviam indivíduos com pressão normal, pré-hipertensos e hipertensos. Os participantes do estudo receberam 20 mg de sinvastatina, 40 mg de pravastatina ou placebo (comprimidos sem ação terapêutica) à noite, durante seis meses.
Ocorreram visitas de reavaliação em 1,6 e 8 meses, e nessa última os indivíduos já estavam há dois meses sem o uso da medicação.
O parâmetro analisado foi a variação da pressão arterial em seis meses. A pressão arterial era medida com esfigmomanômetro durante o período da manhã. Os resultados mostraram uma redução de 2,2 mmHg na pressão sistólica (máxima) e 2,4 mmHg na pressão diastólica (mínima) para comparação das estatina com o grupo placebo.
No confronto isolado de cada uma das estatinas, houve uma redução de 1,5 mmHg na pressão sistólica e 2,3 mmHg na pressão diastólica para a comparação pravastatina contra o placebo e uma redução de 2,9 mmHg na pressão sistólica e 3,0 mmHg na diastólica para a comparação sinvastatina contra placebo.
Após a suspensão da medicação, o efeito anti-hipertensivo das estatinas foi diminuindo progressivamente, praticamente se igualando ao placebo na avaliação de oito meses.
Esse é o primeiro grande estudo clínico a confirmar os efeitos das estatinas na pressão arterial, podendo explicar parte do benefício cardiovascular dessas medicações. Tal efeito poderia ampliar as indicações do uso desses medicamentos na prevenção cardiovascular.
Fonte: Archives of Internal Medicine.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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