Houve uma grande repercussão na imprensa, sobre a afirmação da IARC (International Agency for Research on Cancer) alertando que no mundo, as mortes por câncer superarão aquelas causadas pelas doenças cardiovasculares em 2020.
No entanto, não há um único estudo que aborde especificamente esse tema. Trata-se, portanto, de mera especulação. Sabemos que as taxas de tabagismo nos dois países mais populosos do mundo (China e Índia) vêm aumentando.
Mas devemos lembrar que, o tabagismo, também aumenta o número de mortes por doenças cardiovasculares. No Brasil, acreditamos que esse quadro não acontecerá pelos seguintes motivos:
– A prevalência da hipertensão arterial (principal fator de risco para as doenças cardiovasculares) é muito elevada em nosso país, quando comparada aos países europeus e aos Estados Unidos. Além disso, as taxas de controle dessa doença, em nosso país, são muito baixas.
– A prevalência do tabagismo no Brasil nunca foi tão elevada como na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia.
– A prevalência da obesidade e do diabete melito está em plena elevação, fato que terá impacto negativo na mortalidade cardiovascular como já se observa nos Estados Unidos. O mais grave da afirmativa da IARC é desconhecer que o espectro das doenças cardiovasculares não se restringem apenas aos casos de síndrome coronariana aguda (infarto do miocárdio e angina instável) e à doença cerebrovascular (derrame cerebral). Essas duas entidades clínicas são manifestações do fenômeno aterosclerótico-hipertensivo, que acometerá ainda outros órgãos (rins, retina dos olhos, córtex cerebral), afetando as suas respectivas funções (renal, visual, cognitiva e auditiva).
As ponderações mencionadas acima foram extraídas do blog do Dr. Paulo Lotufo, que discorda que a afirmação da IARC seja aplicável ao nosso país. O Dr. Paulo Lotufo é médico, formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica em Clínica Médica Geral no Hospital das Clínicas de São Paulo, especialização em administração hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas, mestre e doutor em Saúde Pública pela USP, com Pós-doutorado na Escola de Medicina de Havard (Boston, Estados Unidos).
Fonte: Blog do Paulo Lotufo.
Texto revisado por Nícia Padilha.
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