O infarto do miocárdio caracteriza-se por uma obstrução súbita e intensa de uma artéria do coração (chamada de artéria coronária). Geralmente, esses pacientes apresentam uma placa de gordura (ateroma) em uma artéria do coração, que sofre uma complicação (hemorragia ou ulceração ), levando a formação de um coágulo neste local (acidente da placa de ateroma).
Este fato, ao longo de poucas horas, poderá acarretar a morte de uma quantidade significativa das células do músculo cardíaco, chamado de miocárdio. Geralmente, a realização do eletrocardiograma e a dosagem seriada de enzimas cardíacas no sangue, podem confirmar o diagnóstico de um infarto do miocárdio ao longo poucas horas.
Em muitos casos o diagnóstico é feito imediatamente através do eletrocardiograma. O eletrocardiograma é o exame inicial , podendo demonstrar certos achados típicos de um infarto do miocárdio (supradesnível do segmento ST ou um novo bloqueio do ramo esquerdo), os quais serão suficientes para que o médico institua imediatamente, uma terapia na tentativa de abrir a artéria que está obstruída pelo trombo, sem esperar o resultado das enzimas cardíacas (terapia de repefusão cardíaca).
Para isso, utilizamos uma angioplastia coronariana ou infundimos (através de uma veia no braço), uma droga que dissolve coágulos , chamada de trombolítico ou fibrinolítico (processo de trombólise). Seja qual for a opção pelo método de desobstrução , esse deverá ser instituído da forma mais rápida possível, diminuindo o risco de complicações e morte.
A angioplastia coronariana é um método de tratamento que consiste em introduzir um cateter , provido de uma balão em sua extremidade, até o local obstruído, permitindo assim, o reestabelecimento do fluxo de sangue .
Geralmente , neste mesmo ponto da artéria, será implantada uma estrutura metálica na parede do vaso , chamada de stent , visando diminuir o risco de obstruções futuras (reestenose coronariana). A angioplastia coronariana no paciente que sofreu de infarto do miocárdio , poderá ser de quatro modalidades, que serão enumeradas a seguir , com suas respectivas indicações.
Angioplastia primária:
É o procedimento que visa desobstruir a artéria que causa o infarto do miocárdio. Nessa situação , em geral , há um trombo (coágulo) , que complica uma placa de gordura (ateroma) prévia (acidente da placa de ateroma). O eletrocardiograma deverá exibir uma elevação do segmento ST (em pelo menos duas derivações) ou um novo bloqueio de ramo esquerdo.
A dor torácica deverá ter iniciado há menos de 12 horas. Essa modalidade de angioplastia é a mais comumente utilizada no infarto do miocárdio. A angioplastia primária , estará indicada , nos hospitais que disponham desta modalidade de tratamento e que façam mais de 200 casos por ano ( sendo que o médico operador deverá fazer , pelo menos 75 casos por ano ) .
A angioplastia deverá ser concretizada em até 90 minutos da chegada do paciente ao hospital. Pacientes que se apresentam em um hospital sem estrutura para realizar a angioplastia primária , poderão ser transferidos quando se apresentarem após três horas do início da dor (se chegarem com menos de três horas , é indicada a trombólise) .
É necessário que o tempo de transferência até o local que dispõe da angioplastia seja inferior a três horas.
Angioplastia de salvamento:
São os casos de infarto do miocárdio que inicialmente foram submetidos à infusão de trombolíticos, mas que apresentam evidências clínicas ou eletrocardiográficas de que esta modalidade de reperfusão, não foi efetiva em abrir a artéria obstruída.
Angioplastia eletiva:
São os casos de infarto do miocárdio que foram submetidos a infusão de tromboliítcos ou que não foram tratados com nenhuma forma de terapia de reperfusão. Após a realização de um exame funcional (teste de esforço ou cintilografia miocárdica), a demonstração de uma isquemia (falta de irrigação) em um área importante do músculo cardíaco indicará a realização de um cateterismo cardíaco com cineangiocoronariografia.
Caso este exame mostre um lesão coronarina residual ou outra, não relacionada ao infarto (mas que sejam responsáveis pela isquemia), uma angioplastia poderá ser realizada de uma forma programada (eletiva).
Angioplastia facilitada:
São os casos aonde é possível realizar a angioplastia primária , mas enquanto se espera a estrutura desta modalidade de tratamento ficar pronta , infunde-se um trombolítico ou antiplaquetário injetável (inibidor da GP IIB IIIA) previamente , visando melhorar os resultados da angioplastia.
Essa modalidade não é indicada pois não costuma diminuir o risco de morte e aumenta os riscos de sangramentos.
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