Mais de 50% dos casos de um primeiro infarto do miocárdio, conhecido como ataque cardíaco, manifestam-se por morte súbita, e 60% de todos os eventos cardíacos ocorrem fora do hospital.
Desta forma, a prevenção passa a ser um elemento chave para reduzir a mortalidade por doença coronariana, ou seja, a formação de placas de gordura na parede das artérias.
Um dos exames capaz de avaliar a presença e a gravidade da doença arterial coronariana é o escore de cálcio das artérias coronárias, pois quantifica a calcificação dessas artérias, um marcador da presença e da extensão da aterosclerose.
A avaliação do escore de cálcio acrescenta informações no diagnóstico da doença arterial coronariana, complementando outras informações de fatores de risco clínico, podendo alterar e/ou acrescentar condutas, principalmente em pacientes classificados como risco intermediário pelo escore de Framingham (este escore de risco utiliza variáveis como sexo , idade , tabagismo , pressão arterial e níveis colesterol) ou em diabéticos.
Um estudo avaliou 4.487 indivíduos sem doença coronariana conhecida, com idades de 45 até 75 anos, sendo metade destes do sexo feminino. O risco cardíaco inicial dos participantes era avaliado de acordo com o escore de Framingham. Em seguida, todos estes pacientes foram submetidos ao exame de escore de cálcio.
Um total de 4.137 dos participantes terminaram o seguimento, sendo que 93 deles sofreram de morte cardíaca ou infarto do miocárdio não-fatal. Um valor de escore de cálcio alto (maior que 400) comparado com aqueles com escores menores (abaixo de 100), conferia um aumento do risco relativo de um evento cardíaco na ordem de 2.12 vezes em mulheres e 9.48 vezes em homens, independente de sua categoria de risco avaliada pelo escore de Framingham.
Um escore alto de cálcio (maior que 400) era encontrado em apenas 3% dos pacientes de baixo risco de acordo com o escore de Framingham. Entre aqueles com escore de Framingham de risco intermediário, 14% passavam a ser considerados de alto risco por aprasentarem um escore de cálcio alto , desenvolvendo uma taxa de eventos cardíacos acima de 8% em 5 anos. Cerca de 60% eram transferidos para uma categoria de baixo risco, pois tinham escore de cálcio abaixo de 100 , apresentando um risco de apenas 1% de eventos em 5 anos.
Fonte: ACC.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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