Um novo estudo sugere que as crianças cujas mães que tinham o colesterol elevado durante a gravidez tem uma tendência a apresentar uma quantidade de gorduras aumentada em suas artérias.
Pacientes normais, com elevação do colesterol, podem ser tratadas com drogas que o reduzam. Tais medicamentos, entretanto, não podem ser usados durante a gravidez. O Dr. Claudio Napoli e seus colaboradores da Universidade da Califórnia, em San Diego, Estados Unidos, e também da Itália, haviam demonstrado previamente que estrias gordurosas, que são pequenas manchas superficiais de colesterol depositadas no interior das artérias de fetos causadas pelo acúmulo de colesterol, podem se transformar em verdadeiras lesões ateroscleróticas nas crianças.
Neste trabalho atual os autores demonstram a progressão destas lesões. O estudo denomina-se Fate of Early Lesions in Children (FELIC). Os autores estudaram 156 crianças com até 13 anos de idade que haviam morrido de outras causas que não cardíacas. Cerca de um terço das mães destas crianças apresentavam elevação do colesterol durante a gravidez.
Foram estudados cortes da aorta (a principal artéria do corpo humano) destas crianças em sua porção torácica e abdominal, com o objetivo de medir as estrias gordurosas.
As estrias gordurosas foram mais numerosas em crianças de menos de 3 anos de idade, e cujas mães apresentavam hipercolesterolemia durante a gestação. Estas lesões eram, entretanto, uma média de 64% menores do que aquelas encontradas previamente nas aortas de fetos correspondentes, o que sugere que estas lesões possam diminuir após o nascimento.
A progressão das lesões foi mais rápida em crianças nascidas de mães com aumento do colesterol do que em crianças nascidas de mães com colesterol normal. Estes achados sugerem que a “hipercolesterolemia materna durante a gravidez induz a alterações na aorta do feto, que por sua vez determinam a susceptibilidade a longo prazo das crianças às estrias gordurosas e aterosclerose subsequente”.
Nos dois grupos de crianças (mães com colesterol alto e com colesterol normal durante a gestação), o tamanho das lesões de colesterol aumentou com o passar dos anos, mas no grupo de crianças com mães com colesterol elevado a evolução deste aumento foi muito mais rápida.
Os autores concluem que as intervenções para se reduzir os níveis de colesterol durante a gravidez podem diminuir a aterogênese nas crianças.
Fonte: Lancet.
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