Primeiro aconteceu com Bill Clinton , que pelos seus antecedentes familiares e pessoais , foi considerado um paciente vulnerável. Enquanto presidente, seguiu as recomendações de corrigir as pequenas alterações encontradas no check-up, mas, ao deixar o cargo, passou a levar uma vida menos disciplinada. Viagens constantes para palestras, que obrigaram a uma vida sedentária, abusos alimentares e ganho de peso. Resultado em alguns meses: ganhou algumas pontes de safena, isso porque foi atendido em tempo! Durante a Copa 2006, o humorista Bussunda da TV Globo, aproximadamente 12 horas após ter um mal-estar, durante partida de futebol entre amigos, teve morte súbita, causada segundo os noticiários, por infarto do miocárdio. O apresentador tinha importantes fatores de risco familiares e pessoais para a doença obstrutiva das artérias coronárias, causadora do infarto. Isso ocorreu mais ou menos seis meses após ter feito check-up cardiológico completo, que teve resultado normal, segundo seu médico.
Toda morte súbita gera uma enorme sensação de impotência para os médicos e perplexidade para a população. Como aceitar o fato de que os exames não previram essa tragédia? o desafio é identificar quem são os pacientes vulneráveis. A prática esportiva com segurança em indivíduos vulneráveis deve ser muita bem analisada, pois pode ser um gatilho de complicações cardíacas. Isso é possível de acontecer por algumas razões. Nas coronárias desses pacientes podem estar presentes pequenas obstruções de gordura (ateromas), que durante forte estresse psicológico ou físico (esportes, por exemplo), podem romper “como um vulcão” e provocar trombose local e infarto do miocárdio. Essa pequena obstrução não é detectada, mesmo nos exames mais modernos e, por isso, chamamos de pacientes vulneráveis. Estão aparentemente normais e com, pelo menos, dois fatores de risco: obesidade, circunferência abdominal acima do normal, tabagismo, colesterol ou triglicérides elevados, hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo e antecedentes familiares, ou seja, pais ou tios com menos de 60 anos com doenças do coração.
O que fazer? desde que identificados, o passo seguinte é seguir a orientação médica com disciplina, não esperar sentir algo para tomar as providências. No caso de surgir algum sintoma, como dor no peito, mal-estar, falta de ar e palpitações, não espere, procure um médico imediatamente. Essa providência pode evitar que aconteça o pior. A prevenção é o melhor caminho para viver com saúde e qualidade de vida. Autor : Dr. Nabil Ghorayeb , especialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte, doutor em Cardiologia pela FMUSP, chefe da Seção Médica de Cardiologia do Exercício e Esporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, consultor Clínico do Sport Check-up do Hospital do Coração, responsável pelo Serviço de Cardiologia do Instituto Runner de Ensino e Pesquisa e editor do livro Prevenção Cardiológica para Leigos: Ninguém Morre de Véspera
Fonte: www.socesp.org.br ( Blog do Coração )
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