Os avanços da medicina , aumentaram a sobrevida média das pessoas , como conseqüência , cerca de 12% da população brasileira têm idade superior a 65 anos e o grupo que mais cresce hoje , é o das pessoas com mais de 80 anos . Segundo a Organização Mundial de Saúde , idosa é a pessoa com 65 anos de idade ou mais. A idade é o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares , que são , de longe , a principal causa de morte na população geriátrica. Atualmente , sabemos que o fator idade não é impeditivo para a instituição de tratamentos voltados as doenças cardiovasculares , pelo contrário , esse segmento da população é o que mais precisa dessas opções terapêuticas.
O coração do idoso:
– O envelhecimento produz mudanças progressivas na estrutura do coração . As válvulas aórtica e mitral se espessam e calcificam , achados que podem interferir com o seu fechamento normal . Embora esses fenômenos possam levar à estenose ou estreitamento da válvula aórtica ( a mais acometida entre todas as válvulas cardíacas ), não é freqüente o comprometimento da função da válvula só por estes mecanismos . Nos vasos sangüíneos, ocorre uma diminuição da elasticidade da parede destes vasos , acarretando uma maior rigidez . No miocárdio , o número de miócitos ( células musculares ) diminui , havendo uma maior deposição de células adiposas ( células de gordura ). O pericárdio ( revestimeno externo do coração ) , também se torna mais espesso. O coração , num todo , torna-se mais rígido.
– No sistema de geração e condução do estímulo elétrico cardíaco , ocorre uma perda celular , com substituição por tecido fibroso e gordura . No nó sinusal ( marcapasso natural do coração ), observa-se uma substancial diminuição do número de células marcapasso ( cerca de 10% em relação a indivíduo saudável de 20 anos de idade ) . Ocorre ainda , uma deposição de tecido gorduroso em volta do nó sinusal , podendo levar ao isolamento completo desta estrutura . Esses mecanismos podem produzir a doença do nó sinusal , uma causa comum de implante de marcapasso em idosos. O restante do sistema de condução não é exceção , pois também sofre deposição de tecido de gordura , com perda de células elétricas . Além disto , a calcificação do esqueleto cardíaco esquerdo é evidente, podendo alterar a integridade do sistema de condução .
– A diminuição da elasticidade da parede das artérias , associadas ao processo de calcificação das mesmas , fazem com que a pressão arterial sistólica ( máxima ) aumente progressivamente após os 55-60 anos de idade. A pressão arterial diastólica ( mínima ) , não aumenta após os 55 anos , por isso , clinicamente passa a não ter maior importância. O sistema nervoso autônomo , que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial , torna-se menos eficiente , acarretando maiores variações da pressão arterial , bem como , espisódios de quedas desta pressão ao adotar a posição de pé ( hipotensão ortostática ) .
– O processo de aterosclerose ( formação de placas de gordura na parede das artérias ), por ser crônico e degenerativo , torna-se mais exuberante em pacientes idosos.
– Em repouso, o débito cardíaco ( desempenho do coração como uma bomba ) , mantém-se normal. Com a freqüência cardíaca mais baixa, o aumento no volume sistólico ( quantidade de sangue bombeada a cada batimento ) é o responsável pelo débito cardíaco mantido. Como exercício, a dificuldade de atingir a freqüência cardíaca máxima , impede que o idoso atinja o consumo máximo de oxigênio quando comparado a indivíduos mais jovens.
Doenças cardiovasculares em idosos:
As principais doenças cardiovasculares que acometem os idosos são: insuficiência cardíaca , hipertensão arterial , doença arterial coronariana , doenças das válvulas do coração ( estenose aórtica e insuficiência mitral ), arritmias cardíacas ventriculares e supraventriculares e miocardiopatia hipertrófica.
– Insuficiência cardíaca: é a principal causa de hospitalizações em idosos. Sua prevalência vem crescendo , a despeito dos avanços da medicina em relação ao tratamento das doenças cardiovasculares.
– Hipertensão arterial: a maioria dos idosos é portadora de hipertensão arterial . A diminuição da elasticidade da parede das artérias , associada ao processo de calcificação das mesmas , fazem com que a pressão arterial sistólica ( máxima ) aumente progressivamente após os 55-60 anos de idade. No idoso comumente observarmos a elevação isolada da pressão arterial máxima ( hipertensão arterial sistólica isolada ) .A pressão arterial diastólica ( mínima ) , não aumenta após os 55 anos , por isso , clinicamente passa a não ter maior importância. O sistema nervoso autônomo , que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial , torna-se menos eficiente , acarretando maiores variações da pressão arterial , bem como , espisódios de quedas desta pressão arterial , quendo o idoso adota a posição de pé ( hipotensão ortostática ). Outro achado comum em idosos é o efeito do consultório ( elevação da pressão arterial dos idosos hipertensos no ambiente médico ) ou a hipertensão de consultório ( elevação da pressão arterial só no ambiente médico , mas com pressão arterial normal fora deste ) , estes achados ocorrem principalmente em mulheres. O termo pseudohipertensão é usado para indicar uma medida de pressão arterial elevada, que é fruto da calcificação intensa das artérias , sem que realmente haja uma elevação significativa desta pressão arterial no interior dos vasos.
– Doença arterial coronariana : o comprometimento das artérias do coração por placas de ateroma é mais evidente em idosos. As suas manifestações são a cardiopatia isquêmica em sua forma aguda ( angina do peito instável e infarto do miocárdio ) e em sua forma crônica ( angina do peito estável , insuficiência cardíaca e arritmias cardíacas ). A idade , é um fator de risco para a morte nos pacientes com infarto do miocárdio.
– Doenças das válvulas cardíacas: merece destaque a estenose aórtica calcificada ( estreitamento da válvula aportica ) , que é causa de morte súbita em idosos. Em muitos países , essa condição já é a principal indicação de cirurgia cardíaca em idosos. A insuficiência mitral degenerativa ou secundária a dilatação do ventrículo esquerdo ,também é um achado comum.
– Arritmias cardíacas : as arrtmias supraventriculares ( originadas nos átrios ) e as ventriculares ( originadas nos ventrículos ) , são comum em idosos. A fibrilação atrial é a arritmia cardíaca persistente , mais comum no idoso , podendo acarretar insuficiência cardíaca e embolização ( liberação de coágulos ) , com derrame cerebral.
– Miocardiopatia hipertrófica: essa é uma doença cardíaca que pode ser incialmente diagnosticada em qualquer fase da vida , iclusive na terceira idade.
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