O infarto do miocárdio , melhor denominado de infarto agudo do miocárdio ou, simplesmente, ataque cardíaco, é uma emergência médica em que parte do fluxo sangüíneo do coração sofre uma interrupção súbita e intensa, produzindo a morte das células do músculo cardíaco (miocárdio).O pico de ocorrência do primeiro infarto do miocárdio costuma ser aos 55 anos de idade nos homens e aos 65 anos de idade nas mulheres.
Em geral, o infarto do miocárdio ocorre quando há uma interrupção súbita e intensa do fluxo de sangue através de uma artéria coronária que irriga uma região do coração , ocorrendo morte de parte do tecido cardíaco. Geralmente a causa desta interrupção do fluxo sangüíneo , é um acidente de uma placa de ateroma , ou seja, uma ruptura de uma placa de gordura .
Esta ruptura acarreta a formação de um coágulo que interrompe o fluxo sangüíneo neste local da artéria. O infarto do miocárdio é uma das manifestações da doença arterial coronariana, caracterizada pela formação de ateromas na parede das artérias coronárias. Raramente, o infarto do miocárdio ainda poderá ser ocasionado por outras causas , como : uso de drogas ilícitas ( cocaína e derivados ) , aneurismas das artérias coronárias, dissecção aórtica aguda com acometimento da origem das artérias coronárias, vasculites (inflamação das artérias coronárias) ou embolização por um coágulo que sai da cavidade cardíaca e se aloja na artéria coronária ou ainda , por uma vegetação, que se despreende de uma válvula acometida por endocardite infecciosa.
O diagnóstico do infarto do miocárdio . baseia-se na dosagem das enzimas cardíacas e na realização de eletrocardiogramas.
As enzimas cardíacas:
As enzimas cardíacas , também chamadas de marcadores de necrose miocárdica ( pois indicam a morte de células do músculo cardíaco ) , são um elemento indispensável para o diagnóstico definitivo do infarto do miocárdio , também chamado de infarto agudo do miocárdio ( ataque cardíaco ).
As enzimas cardíacas costumam ser solicitadas em pacientes cujos sintomas ( e o principal deles é a dor torácica de início recente ) , o eletrocardiograma ou outro elemento clínico , levantem a suspeita de um infarto do miocárdio. Devem sempre serem solicitadas em ambiente hospitalar , com o paciente internado . Estas dosagens não necessitam de jejum.
O infarto do miocárdio , pode cursar com um eletrocardiograma normal ou inespecífico ( sem alterações sugestivas de um infarto do miocárdio ) mas, a elevação das enzimas cardíacas , é obrigatória para esse diagnóstico. No entanto , como essas enzimas costumam se elevar dentre de algumas horas , pacientes com dor torácica e eletrocardiograma típico de infarto do miocárdio , devem ser encaminhados imediatamente para alguma terapia visando abrir a artéria obstruída ( angioplastia coronariana ou o uso de trombolíticos , medicamentos que dissolvem coágulos no sangue ).
As enzimas cardíacas , costumam ser dosadas de forma seriada , ou seja , no momento da internação e dentro de alguns intervalos , estabelecidos de acordo com o quadro clínico de cada paciente.
– Creatinofosfoquinase fração MB ( medida pelo método massa ) :
É a chamada CPK-MB massa . Esta enzima eleva-se no sangue entre 3 e 6 horas após o início dos sintomas de infarto do miocárdio , com pico de elevação entre 16 e 24 horas, normalizando-se entre 48 e 72 horas ( essa normalização costuma ser um dos critérios para alta do paciente da unidade de terapia intensiva ). Apresenta sensibilidade diagnóstica ( capacidade de identificar o infarto do miocárdio ) de 50% em três horas após o início dos sintomas e de 80% 6 horas após.
– Mioglobina :
É uma enzima cardáiaca cujos valores de referência , variam com a idade, o sexo e a raça.Esta enzima é liberada rapidamente pelo miocárdio lesado, começando a elevar-se entre 1 e 2 horas após o início dos sintomas de infarto do miocárdio , com um pico de elevação entre 6 e 9 horas e normalização entre 12 e 24 horas. Embora pouco específica , pelo seu elevado valor preditivo negativo ( que varia de 83% a 98% ), é excelente para afastar o diagnóstico de infarto do miocárdio . A sua elevação não confirma o diagnóstico , mas quando o seu valor é normal , praticamente afasta o diagnóstico de infarto do miocárdio.
– Troponinas :
São enzimas que estão presentes no sangue sob três formas de apresentação ( troponina C ou TnC, a troponina I ou TnI e a troponina T ou TnT). Estas enzimas se elevam-se entre 4 e 8 horas após o início dos sintomas, com pico de elevação entre 36 e 72 horas e normalização entre 5 e 14 dias. Apresentam a mesma sensibilidade diagnóstica da CK-MB entre 12 e 48 horas após o início dos sintomas do infarto do miocárdio, mas na presença de portadores de doenças que diminuem a especificidade da enzima CK-MB , elas são indispensáveis. Embora consideradas específicas para o miocárdio, resultados falso positivos (que não causados pelo infarto do miocárdio ou outras doenças que afetem o musculo cardáiaco ) , foram publicados por causa da presença de fibrina no soro ou por reação cruzada com anticorpos humanos.
Eletrocardiograma :
Este exame deve ser realizado idealmente , em menos de 10 minutos da chegada do paciente ao serviço de emergência. O eletrocardiograma é fundamental para a definição do tipo tratamento que será adotado nos pacientes com suspeita de infarto do miocárdio.
Conforme o traçado do eletrocardiograma, o médico assistente poderá suspeitar que a artéria causadora do infarto do miocárdio , esteja obstruída parcialmente ou totalmente ( infarto do miocárdio sem ou com supradesnível do segmento ST no eletrocardiograma ).
No primeiro caso, não será necessário a realização de um cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia de emergência, pois nestes casos o tratamen
to inicial será com medicações para tentar dissolver o coágulo ( trombo ) , formado na artéria ( medicamentos antiplaquetários e anticoagulantes ).
No segundo caso, será necessário utilizar uma opção de tratamento que possibilite abrir a artéria totalmente obstruída ( terapia de reperfusão ) o mais rápido possível, desta forma, minimizando a área cardíaca afetada pelo infarto do miocárdio . Para tal, dispomos de duas modalidade de tratamento: os trombolíticos (administrados de forma injetável através de uma veia no braço, processo chamado de trombólise ) ou a angioplastia coronariana primária ( introdução de um cateter provido de uma balão em sua extremidade, até o local obstruído, permitindo assim, o restabelecimento do fluxo de sangue ).
Em pacientes com sintomas sugestivos de infarto do miocárdio , a elevação do segmento ST do eletrocardiograma tem especificidade de 91% ( apenas em 9% dos casos não há um infarto ) , mas apenas , 46% de sensibilidade ( em 54% dos casos esta alteração do eletrocardiograma não está presente ).
A mortalidade aumenta com o número de derivações no eletrocardiograma com supradesnível de ST. Como o eletrocardiograma pode ser inespecífico nas primeiras horas, é importante realizar exames seriados . Eventualmente é necessária a obtenção de outras derivações ( V7, V8 ou precordiais direitas) para confirmação diagnóstica.
Embora a presença do supradesnível do segmento ST e/ou o desenvolvimento de uma onda Q sejam altamente indicativos de infarto do miocárdio , eles ocorrem em cerca de apenas 50% dos pacientes com infarto do miocárdio , devendo estes pacientes , serem estratificados de acordo com a presença de outras evidências de isquemia miocárdica no eletrocardiograma.
Resultados com infradesnível do segmento ST , em duas derivações contíguas ou inversão de onda T , conferem risco moderado de síndrome isquêmica aguda ( risco de morte e complicações ) . O exame eletrocardiográfico deve ser repetido após o tratamento inicial, 12 horas após a internação e diariamente até alta da Unidade Coronariana.
Fonte: Sociedade Barsileira de Cardiologia ( 2004 ).
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