O músculo cardíaco, chamado de miocárdio, é irrigado pelas artérias coronárias, que são vasos sanguíneos epicárdicos, ou seja, o trajeto desses vasos normalmente ocorre por fora do músculo cardíaco. Ponte miocárdica é uma anomalia congênita na qual um segmento da artéria coronária percorre um trajeto intramiocárdico, ou seja, por dentro do músculo cardíaco, com extensão e profundidade variáveis, ao invés de percorrer o seu trajeto epicárdico normal.
Nos pacientes com ponte miocárdica o segmento da artéria afetada poderá sofrer um estreitamento durante a contração cardíaca, chamada de sístole ventricular. Estima-se que essa anomalia esteja presente em 25% da população.
Poderá ocorrer ainda um espasmo coronariano, ou seja, uma contração anormal da camada muscular da artéria afetada. Raramente poderá ocorrer a formação de um trombo (coágulo) nesse local da artéria. A ponte miocárdica costuma afetar principalmente a artéria descendente anterior, uma as principais artérias do coração.
O paciente portador de ponte miocárdica pode ser totalmente assintomático (corresponde a maioria dos casos), no entanto, alguns pacientes podem apresentar dor torácica com características de angina do peito, arritmias cardíacas , infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e, raramente, morte súbita.
Seu diagnóstico geralmente é feito a partir da terceira década de vida, sendo suspeitado pela presença de sintomas, alterações do eletrocardiograma ou pela presença de isquemia miocárdica durante um teste de esforço. A confirmação do diagnóstico é feita por meio de angiotomografia coronariana ou cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia (esses dois exames permitem visualizar diretamente as artérias coronárias).
O tratamento da ponte miocárdica em pacientes sintomáticos poderá ser realizado por meio do uso de betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio ou ivabradina. Em geral, a evolução no longo prazo dos portadores de ponte miocárdica costuma ser favorável.
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Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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