No ano de 1992, os irmãos espanhóis Josep e Pedro Brugada descreveram uma nova síndrome clínica (conjunto de sinais e sintomas), caracterizada pela presença de um padrão eletrocardiográfico similar a um bloqueio de ramo direito, associado a um supradesnivelamento de ponto J e segmento ST nas derivações V1, V2 e V3.
Os pacientes com síndrome de Brugada, geralmente homens, apresentavam taquicardias ventriculares polimórficas e fibrilação ventricular. Essas são arritmias graves, que podem levar à morte súbita. A parada cardiorrespiratória pode ser a primeira manifestação do doença.
Anatomicamente, o contração destes pacientes era normal, pois os exames de imagem cardíaca, como o ecocardiograma e ressonância cardíaca, não mostram anormalidades.
Uma característica desses pacientes é uma grande instabilidade da parte elétrica do coração. A síndrome de Brugada é uma doença cardíaca genética, relacionada à mutação de um gene que codifica canais de sódio.
Sinais e sintomas
Os pacientes portadores dessa síndrome são assintomáticos fora das crises de arritmia cardíaca. Quado essas arritmias ocorrem, pode haver palpitações, falta de ar, sensação de desmaio, desmaio até uma parada cardiorrespiratória seguida de morte súbita.
Diagnóstico
A documentação de arritmias ventriculares graves, história de síncope (desmaio) ou parada cardíaca, histórico familiar de morte súbita, eletrocardigrama característico e um ecocardiograma sem alterações estruturais, sugerem o diagnóstico.
-Eletrocardiograma:
Existem 3 padrões eletrocardiográficos sugestivos da Síndrome de Brugada (tipo 1, tipo 2 e tipo 3). Essas alterações do eletrocardiograma podem ser intermitentes (vem e voltam), ou ainda, espontâneas ou induzidas por ação de drogas.
Em pacientes assintomáticos com padrão eletrocardiográfico tipo 1 espontâneo ou induzido por drogas antiarrítmicas, o estudo eletrofisiológico poderá ser indicado, embora esse ainda seja um tema em debate na literatura.
Tratamento
Além do uso de antiarrítmicos, o desfibrilador automático implantável (dispositivo que identifica e trata imediatamente arritmias cardíacas com um choque elétrico) é única forma de tratamento capaz de prolongar a vida dos pacientes portadores da Síndrome de Brugada.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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