TORONTO. Células-tronco retiradas do tecido muscular podem ser usadas para construir novos vasos sangüíneos para transplantes. As células-tronco derivadas de músculo são adultas, e não esbarram nos entraves éticos do estudo e aplicação das ditas embrionárias – que requerem a destruição do blastocisto, estágio inicial do desenvolvimento humano, para sua retirada.
David Vorp, da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que liderou o estudo, explicou que as células foram cultivadas em tubos elásticos biodegradáveis com pouco mais de 1,2 milímetro de diâmetro. Uma semana depois do início da experiência, foram retidos novos vasos, implantados na principal artéria do abdômen de ratos.
Oito semanas depois, os pesquisadores verificaram que o enxerto, guiado por fatores como a pressão sangüínea e o tecido presente no entorno, havia remodelado a si mesmo afim de parecer como uma artéria adulta. Apresentava camadas diferentes de células, incluindo as chamadas células endoteliais, que fortificam os vasos sangüíneos.
A descoberta, apresentada em um encontro em Toronto, pode levar ao desenvolvimento de um método para criação de vasos customizados para pacientes que sofram de doenças do coração ou dos rins.
Na teoria, as células-tronco derivadas de tecido muscular podem regenerar vasos inteiros, mas os cientistas ainda buscam compreender qual a contribuição exata desse material. O que já se sabe, ressaltou Vorp, é que a técnica é capaz de prevenir os freqüentes coágulos sangüíneos, que costumam aparecer em outros tipos de implante.
Conforme se degrada no o longo dos meses, o tubo "cede lugar às células para crescerem e estenderem a regeneração para o sistema circulatório", observou Alejandro Nieponice, que também participou do estudo.
Cirurgiões realizam o implante de vasos sangüíneos para fornecer ao fluído um caminho alternativo à vasos danificados ou bloqueados. Geralmente retiram uma artéria ou veia da perna do paciente, em um procedimento conhecido como implante de ponte safena coronariana. Contudo, a operação requer uma cirurgia adicional e o enxerto está sujeito a coágulos.
Coágulos também são um problema verificado em enxertos sintéticos, que tendem a ser mais rígidos que os naturais.
Os pesquisadores esperam aplicar o método em humanos ao extrair células-tronco da coxa do paciente com o o auxílio de um pequeno plugue. O implante poderia acontecer nos dias subseqüentes ou mesmo imediatamente, sugeriu Vorp.
Simultaneamente, a equipe tentou a técnica também em porcos, cujos vasos são mais parecidos com os de humanos.
Fonte: Jornal do Brasil – http://www.jb.com.br/
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