O infarto do miocárdio , caracteriza-se por uma obstrução súbita e intensa (geralmente causada por um trombo ou coágulo) , de uma artéria do coração (chamada de artéria coronária).
Este fato , ao longo de poucas horas , poderá acarretar a morte de uma quantidade significativa das células do músculo cardíaco , chamado de miocárdio.
Sempre que um paciente apresentar-se com queixa de dor torácica , principalmente se for portador de fatores de risco cardiovascular , a hipótese de um infarto do miocárdio , deverá ser considerada . Geralmente , a realização do eletrocardiograma e a dosagem seriada de enzimas cardíacas no sangue , podem confirmar o diagnóstico de um infarto do miocárdio em poucas horas.
O eletrocardiograma é o exame inicial , podendo demonstrar certos achados típicos de um infarto do miocárdio (supradesnível do segmento ST ou um novo bloqueio do ramo esquerdo) , os quais serão suficientes para que o médico institua imediatamente , uma terapia na tentativa de abrir a artéria que está obstruída pelo trombo , sem esperar o resultado das enzimas cardíacas .
Para isso , utilizamos uma angioplastia coronariana ou infundimos (através de uma veia no braço) uma droga que dissolve coágulos , chamada de trombolítico ou fibrinolítico (processo de trombólise).
Como a maior parte dos hospitais do Brasil , não dispõe de um laboratório de hemodinâmica capaz de realizar uma angioplastia coronariana , a trombólise passa a ser a única opção. Quanto mais rápido instituirmos essa terapia , menor serão as seqüelas do infarto do miocárdio.
Tipos de trombolíticos:
No Brasil , dispomos de 4 tipos de trombolíticos:
– Estreptoquinase:
Foi o primeiro a ser lançado. Este trombolítico é um pouco menos efetivo que os demais para dissolver o trombo ( coágulo ), no entanto , causa menos sangramentos. É a medicação de escolha para ser usada em idosos. Poderá causar alergias e hipotensão ( queda da pressão arterial ). A droga é infundida em 30 a 60 minutos.
– Alteplase (tPA):
É mais efetiva que a estreptoquinase na dissolução do trombo, porém causa mais sangramentos. É administrado em três etapas : um dose de ataque (infusão imediata) , outra dose em 30 minutos e uma dose menor em mais 60 minutos ( totalizando cerca de 90 minutos de tratamento ).
– Reteplase:
É administrada em doses de ataques , separadas por 30 minutos de intervalo.
– Tenecteplase:
Sua grande vantagem, consiste no fato de ser administrada em uma só vez (bolus) , cuja dose , varia de acordo com o peso de cada paciente. Causa menos sangramento que o tPA , no entanto , parece ter a mesma eficiência na dissolução do trombo.
Benefícios:
Quanto mais precoce é a administração do trombolítico , mais benefícios são observados. Com o tratamento trombolítico na primeira hora do início dos sintomas , cerca de 65 vidas são salvas por mil pacientes tratados. Nos casos em que os pacientes são tratados entre 6 e 12h, apenas 10 vidas são salvas por mil pacientes tratados.
Ocorre uma redução progressiva de aproximadamente 1,6 morte por hora de atraso por mil pacientes tratados com trombolíticos.
Indicações:
Dor sugestiva de infarto do miocárdio , com duração de mais de 20 minutos e menos que 12 horas , com a presença de um supradesnível do segmento ST no eletrocardiograma (em pelo menos duas derivações contínuas e que não desaparece após o uso de nitrato sublingual) ou um bloqueio de ramo esquerdo novo no eletrocardiograma . Não deverá haver contra-indicações para a trombólise.
Contra-indicações:
– Absolutas (envolvem situações de alto risco para sangramentos):
Histórico de derrame cerebral hemorrágico ou de causa desconhecida, derrame cerebral isquêmico nos últimos 6 meses , dano ou tumor cerebral , trauma ou cirurgia ou lesão cerebral nos últimos 3 meses , sangramento digestivo no último mês , suspeita de dissecção da artéria aorta e doença terminal (exemplo: câncer avançado).
-Relativas:
Ataque isquêmico transitório nos últimos 6 meses , terapia com anticoagulantes orais , gravidez ou pós-parto (primeira semana) ,punções arteriais não-compressivas, ressuscitação cardíaca traumática (em casos recuperados de parada cardíca), hipertensão descontrolada (pressão arterial maior que 180/110 mmHg), doença hepática avançada , endocardite infecciosa , úlcera péptica prévia e exposição à estreptoquinase (mais de 5 dias).
Riscos:
Os trombolíticos podem causar algumas complicações, como excesso de 3,9 derrames cerebrais por mil pacientes tratados (principalmente no primeiro dia após tratamento). Estão sob maior risco de derrame , os idosos , pessoas com baixo peso, sexo feminino, antecedente de doença cerebrovascular , hipertensão arterial e hipertensão arterial tanto sistólica como diastólica na admissão hospitalar .
Sangramentos maiores não-cerebrais (complicações hemorrágicas que necessitam de transfusão), principalmente os relacionados aos procedimentos, podem ocorrer entre 4% e 13% . Estão sob maior risco para sangramentos , os idosos, pessoas com baixo peso e sexo feminino, mesmo em pacientes que não realizaram intervenção percutânea ( angioplastia coronariana ).
A utilização de estreptoquinase pode estar associada a hipotensão, que deve ser tratada com interrupção de sua administração, com elevação dos membros inferiores e, se necessário, com a reposição de volume (infusão de soro).As reações alérgicas são raras e a administração de rotina de corticóides não é indicada.
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