A taquicardia sinusal é o ritmo cardíaco determinado pelo marcapasso natural do coração, chamado nó sinusal ou sinoatrial, no entanto, sua frequência cardíaca no estado de repouso é elevada, ou seja, acima de 100 batimentos por minuto. O normal seria entre 50 e 100 batimentos por minuto.
O termo taquicardia sinusal inapropriada caracteriza-se por uma frequência de repouso ou com os mínimos esforços superior a 100 batimentos por minuto, sem que exista uma causa cardíaca ou não-cardíaca aparente para tal situação. Este tipo de taquicardia sinusal é atribuída a uma alteração do marcapasso natural do coração.
Causas
A taquicardia sinusal poderá ter causas não-cardíacas, mas que influenciam o coração, ou ter uma origem a partir de uma doença cardíaca.
-Causas não-cardíacas:
Estados de ansiedade, excitação, dor ou após a realização de exercícios físicos, são causas de taquicardia sinusal. A ação de medicamentos (broncodilatadores para asma ou outras doenças pulmonares, medicamentos para emagrecer, descongestionantes nasais, certos antidepressivos, drogas anti-hipertensivas, etc.), efeito de certas substâncias (cafeína, álcool e nicotina) ou o uso de drogas ilícitas (ecstasy, cocaína, crack, oxy, entre outras ), também causam a taquicardia sinusal.
Certas doenças não-cardíacas, como as doenças pulmonares, anemia, hemorragias, desidratação, estados de choque (queda significativa da pressão arterial), infecções, estados febris, hipertireoidismo (excesso de hormônios produzidos pela glândula tireoide), feocromocitoma, entre outras, também podem causar a taquicardia sinusal.
Alguns distúrbios do sistema nervoso autônomo, o qual controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial ao longo das atividades do dia, bem como, em situações em que há mudanças de postura com os movimentos corporais, poderão causar episódios de taquicardia sinusal. Exemplos dessas condições são a síndrome postural taquicárdica ortostática (SPOT), a qual caracteriza-se por aceleramento cardíaco após a adoção da posição de pé (ortostática), e as síndromes neuromediadas (síndrome vaso-vagal e neurocardiogênica).
– Causas cardíacas:
Qualquer doença cardíaca (hipertensão arterial, doença arterial coronariana, miocardiopatias, etc.) que afete o desempenho do coração de uma forma significativa (gerando uma insuficiência cardíaca), poderá causar uma taquicardia sinusal. Esta alteração costuma ser uma reação do coração a ativação do sistema nervoso simpático, a qual ocorre em fases inicias dos portadores de insuficiência cardíaca. Nesta situação há uma liberação excessiva de adrenalina, um neuro-hormônio que acelera o batimento cardíaco com o objetivo de melhorar o desempenho do coração. O resultado desse processo é o aparecimento da taquicardia sinusal.
Diagnóstico
Baseia-se no exame clínico (história e exame físico), sendo confirmada pelo eletrocardiograma. O registro eletrocardiográfico de 24 horas (eletrocardiografia dinâmica ou Holter) também é útil para estabelecer esse diagnóstico, bem como, para correlacionar a taquicardia sinusal com o aparecimento de sintomas associados (palpitações, por exemplo). O estudo eletrofisiológico poderá ser solicitado nos casos de taquicardia sinusal inapropriada. Outros exames laboratoriais, como um simples hemograma ou provas de função da tireoide, ecocardiograma, raio X de tórax, entre outros, poderão ser solicitados de acordo com a suspeita diagnóstica.
Tratamento
Deverá ser voltado para a causa da taquicardia sinusal. Em certos casos, os betabloqueadores (medicamentos que bloqueiam a ação da adrenalina no coração, como o atenolol ou metoprolol), poderão ser indicados. Casos de taquicardia sinusal inapropriada poderão ser tratados por betabloqueadores, antiarrítmicos (como a propafenona e o sotalol), ivabradina (droga que diminui a ação do marcapasso natural do coração, o nó sinusal) ou, em casos selecionados, através de tratamento por cateter.
Prognóstico (gravidade)
Dependerá basicamente da causa da taquicardia sinusal. Os casos de taquicardia sinusal relacionados aos estados de ansiedade, em geral, são benignos, no entanto, quando são causados por insuficiência cardíaca traduzem uma situação potencialmente grave e fatal.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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