A doença arterial coronariana caracteriza-se pela presença de placas de gordura, chamadas de ateromas, nas artérias do coração (aterosclerose coronariana), as quais podem causar obstruções e redução do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco (miocárdio). Esse processo é chamado de isquemia miocárdica.
A doença arterial coronariana é a principal causa da angina do peito, infarto do miocárdio (popularmente conhecido como ataque cardíaco) e morte súbita.
Em pacientes com doença arterial coronariana, a vacina contra à gripe (influenza) pode reduzir o risco de complicações cardiovasculares?
A influenza, conhecida popularmente como gripe, é uma infecção respiratória viral que causa febre, coriza, tosse, cefaleia e mal-estar. Existe risco de morte durante as epidemias, em particular entre pacientes de alto risco (idosos, portadores de doença pulmonar ou cardíaca, etc.), sendo que até pacientes jovens e saudáveis podem morrer.
As epidemias de influenza tendem a ser acompanhadas de um aumento significativo de mortes e complicações cardiovasculares. O risco de infarto do miocárdio parece ser maior nos primeiros 10 dias de evolução da infecção respiratória. Postula-se que o processo inflamatório causado pela gripe instabilize as placas de ateroma nas artérias do coração, predispondo à formação de trombos (coágulos) que levam ao infarto do miocárdio.
Vários estudos realizados em pacientes com doença arterial coronariana demonstraram uma redução da incidência de complicações cardiovasculares combinadas (morte, infarto do miocárdio, necessidade de internação por isquemia miocárdica ou necessidade de revascularização) no grupo vacinado, ao longo de 12 meses de acompanhamento.
Apenas o estudo Flu vaccination in acute coronary syndromes and planned percutaneous coronary interventions (FLUVACS) mostrou uma redução significativa de morte cardiovascular, especificamente entre os pacientes com passado de infarto do miocárdio.
Baseada nesses estudos, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda:
1- Indicar a vacinação contra influenza anualmente para pacientes com doença arterial coronariana ou cerebrovascular estabelecida, independentemente da idade. Nesse grupo temos pacientes com antecedentes de angina do peito, infarto do miocárdio, isquemia miocárdica silenciosa, angioplastia coronariana ou revascularização cirúrgica, conhecida como cirurgia de “ponte de safena”, e acidente vascular cerebral (derrame cerebral).
2- Indicar a vacinação contra influenza anualmente para pacientes com alto risco para eventos coronarianos, porém sem doença cardiovascular estabelecida, independentemente da idade. O nível de evidência do benefício da vacinação nesse segundo grupo é menor do que nos pacientes do primeiro grupo.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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