Vários estudos fornecem evidências que há uma conexão entre a obesidade e diversas doenças. Além disso, a obesidade poderá acarretar o desenvolvimento de outros fatores de risco cardiovascular, além da própria obesidade, tornando o obeso um indivíduo de maior risco para desenvolvimento de aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias).
Desenvolvimento de outros fatores de risco cardiovascular
Outros fatores de risco cardiovascular poderão surgir nos indivíduos obesos. A hipertrofia ventricular esquerda (aumento da espessura da músculo cardíaco) é comum em pacientes obesos, principalmente em hipertensos.
A hipertensão arterial , dislipidemias (aumento do colesterol total, triglicerídeos, LDL-colesterol ou “colesterol ruim” e redução do HDL-colesterol ou “colesterol bom”), diabete melito, excesso de insulina no sangue, hiperuricemia (aumento dos níveis de ácido úrico) e alterações do sistema de coagulação (predispondo a formação de coágulos), são mais frequentes em indivíduos obesos.
Estes fatores predispõem ao processo de aterosclerose (formação de placas de gorduras na parede das artérias). A aterosclerose nas artérias do coração e do cérebro, acarreta o aparecimento de angina do peito, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e derrame cerebral. Estas doenças são a principal causa de morte na população.
Doenças comuns em obesos
Por ocasião da avaliação inicial do paciente obeso poderão ser observadas outras doenças. Entre as doenças digestivas, destacam-se a presença de litíase biliar (pedras na vesícula), esteatose hepática (fígado gorduroso) e a hérnia de hiato. A esteatose pode levar a elevação das enzimas do fígado, chamadas de transaminases (TGO e TGP), predispondo, o obeso também à cirrose hepática.
Estudos populacionais mostram um aumento do risco de câncer relacionado a obesidade, particularmente mama, endométrio, vesícula biliar e próstata. Mulheres obesas têm maior chance de apresentar infertilidade, hipertensão arterial durante a gestação, trombose venosa e diabetes gestacional. Filhos de mães obesas durante a gestação têm maior probabilidade de apresentar obesidade durante a infância e idade adulta.
A insuficiência venosa e suas complicações, são comuns em obesos. Prejuízos da função pulmonar também são mais frequentes em obesos. Além disso, obesidade pode levar ao desenvolvimento de roncopatia e síndrome da apneia obstrutiva do sono, que por sua vez, poderá causar hipertensão arterial e arritmias cardíacas, aumentando as chances do obeso de desenvolver doença cardiovascular e morte prematura.
Doenças articulares degenerativas e distúrbios psicológicos são mais comuns no obeso, assim como transtornos alimentares como distúrbio do comer compulsivo e, em alguns casos, a bulimia nervosa.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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