Entre os benefícios obtidos com a cessação em idosos destacam-se: redução do risco de adoecer, melhor controle da evolução de doença pré-existente,melhora na qualidade de vida e aumento da expectativa de vida.As taxas de sucesso do tratamento em idosos não diferem de outras faixas etárias, oscilando entre 23-32% após um ano de cessação.
A abordagem terapêutica deve ser adaptada às características desta população, por exemplo, os idosos costumam ter maior auto-estima (ao contrário do que acredita a maioria dos profissionais de saúde) e menor exigência social (expectativas baixas do círculo de convivência).
Embora os idosos se considerem mais aptos do que os jovens, falta a eles “a entrega” aos novos desafios, pois têm grande dificuldade de romper barreiras e promover mudanças, portanto, o reforço da auto-eficácia é um recurso da intervenção comportamental que deve ser usado à exaustão. Além disso, o aprendizado é mais lento, o que requer reforço e detalhamento das intervenções e treinamento de habilidades em conjunto.
Os idosos costumam ter menos laços sociais, por isso, deve-se preferir a abordagem em grupo, ampliando a rede de relacionamentos, os vínculos afetivos e as relações de interdependência. Não há evidência de que os grupos compostos exclusivamente por idosos apresentem benefícios. Deve-se apoiar a participação de outras faixas etárias, favorecendo a dinâmica e enriquecendo o repertório temático.
Com relação ao tratamento medicamentoso, o uso da terapia de reposição com nicotina (TRN) através de adesivos transdérmicos não aumenta a incidência de efeitos adversos, tampouco o risco de complicações cardíacas, mesmo em portadores de doença coronariana crônica.O rodízio do local de aplicação de adesivos deve ser reforçado pelo relato mais comum de lesões cutâneas (pele ressecada e inelástica). Quanto às gomas, lembrar que as próteses dentárias podem dificultar seu uso e, conseqüentemente, a aderência à proposta terapêutica.
A eliminação da nicotina nos idosos é prejudicada naqueles pacientes com insuficiência renal. Nesses pacientes, deve-se considerar o ajuste da dose. O mesmo é recomendado para a bupropiona, podendo ser reduzida a 150 mg/dia. No caso da vareniclina, a insuficiência renal grave contra-indica sua prescrição. Nortriptilina e clonidina têm efeitos indesejáveis mais freqüentes em idosos.
Deve-se lembrar que a motivação do idoso fumante para deixar de fumar pode reforçar a conscientização da sociedade contemporânea sobre a importância do seu papel saudável na família como reservatório de sabedoria e refúgio afetivo para crianças e jovens, assumindo, assim, a função de modelo de conduta para futuros adultos.
Autor: Jonas Reichert e colaboradores.
Fonte:Diretrizes para Cessação do Tabagismo – Jornal Brasileiro de Pneumologia.
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