O tratamento com medicamentos estará indicado em casos de obesidade, ou seja, índice de massa corporal (peso dividido pela altura ao quadrado) maior ou igual 30 kg/m2, quando as mudanças nos hábitos de vida (dieta de baixa caloria e exercícios físicos regulares) falharem no tratamento.
Indivíduos na faixa de sobrepeso (índice de massa corporal entre 25 e 29,9 kg/m2), mas com doenças associadas como as anormalidades do colesterol, hipertensão arterial e diabete melito, também são candidatos ao uso de medicamentos.
O tratamento da obesidade com medicamentos exige um acompanhamento médico periódico, pelo seus potenciais efeitos colaterais.
Os medicamentos utilizados no tratamento da obesidade são:
Anfetaminas
Femproporex, Dietilpropiona e Anfepramona são exemplos de anfetaminas.
Essas medicações atuam aumentado a concentração de neurotransmissores (noradrenalina e dopamina) em certas regiões do cérebro.
Palpitações (inclusive arritmias cardíacas), elevação da pressão arterial (inclusive hipertensão arterial), boca seca, sudorese, constipação intestinal , ansiedade, irritabilidade, insônia , depressão e dependência química são possíveis efeitos colaterais destes medicamentos.
Sibutramina (Biomag, Sibus)
Essa droga atua em neurotransmissores cerebrais (serotonina e dopamina) aumentado a sensação de saciedade. Além disso, este medicamento acarreta um aumento do gasto de calórico por elevar levemente a pressão arterial e o batimento cardíaco. É particularmente útil em indivíduos compulsivos para doces e hidratos de carbono complexos (pães e massas).
Palpitações (inclusive arritmias cardíacas), elevação da pressão arterial (inclusive hipertensão arterial), insônia, boca seca, constipação intestinal, dor de cabeça (cefaleia) e sintomas depressivos são possíveis efeitos colaterais deste medicamento.
Antidepressivos
Alguns antidepressivos como a fluoxetina, sertralina e bupropiona podem causar diminuição do apetite e combater a compulsão alimentar. Atuam em neurotramissores cerebrais (serotonina, noradrenalina e dopamina). A fluoxetina e a sertralina podem causar alterações da esfera sexual (diminuição da libido, impotência e dificuldade para ejaculação).
O efeito colateral mais comum da bupropiona é a insônia, no entanto, esta medicação pode aumentar o desejo sexual. Esta droga em altas doses pode acarretar um aumento do risco convulsões, por isso, deve ser evitada em pessoas com antecedentes de epilepsia.
Estas medicações são preferidas nos obesos com distúrbios do humor (depressão) ou distúrbios alimentares.
Liraglutide (Saxenda)
O Saxenda é um medicamento injetável de uso diário e em doses crescentes (0,6 mg até 3 mg ao dia), utilizado para o tratamento da obesidade.
O Liraglutide é um agonista do receptor do GLP-1. O GLP-1 é o hormônio que o nosso intestino libera quando detecta a presença de nutrientes no seu interior. O GLP-1 é um hormônio que sinaliza para o nosso cérebro que há comida no interior do intestino e portanto, que estamos alimentados. Dessa forma, o cérebro ao receber esta informação, acaba inibindo os impulsos de fome.
Dentre os efeitos colaterais estão as náuseas e os vômitos. Embora tenham sido relatados casos de pancreatite (inflamação no pâncreas), a incidência foi de 6 casos em 2700 pacientes com diabetes (outra indicação do uso do remédio).
Topiramato (Amato, Topamax)
Este é um anticonvulsivante (medicamento para o tratamento de epilepsia), sendo útil no combate da compulsão alimentar. Diminui o apetite por ação antiglutamatérgica. Seus possíveis efeitos colaterais são: sonolência, tontura, irritabilidade , alterações da marcha (caminhar) , fadiga, alterações do raciocínio, dificuldade de memorização, náuseas, distúrbios da concentração e atenção, depressão, labilidade emocional (humor variável), leucopenia (diminuição dos leucócitos) e nefrolitíase (pedra nos rins).
Esse medicamento deve ter a sua dose aumentada e diminuída gradativamente. A proporção de pacientes que abandonam o tratamento por efeitos colaterais é cerca de 20 a 30%.
Orlistat (Lipiblock, Xenical)
Este medicamento diminui a absorção intestinal das gorduras. Seu principal efeito colateral é a esteatorréia (eliminação de fezes amolecidas e com gorduras). Por não atuar no cérebro e no sistema cardiovascular, não acarreta os efeitos colaterais dos medicamentos citados anteriormente. O orlistat ajuda também no controle da glicemia e dos níveis de colesterol.
Esse medicamento deve ser evitado em doença intestinais, como a doença inflamatória intestinal.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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