Casos selecionados de obesidade, como aqueles com índice de massa corporal (IMC) maior que 40 kg/m2 ou maior que 35 kg/m2 com comorbidades (hipertensão arterial, diabete melito, colesterol elevado, apneia do sono, entre outras), pelo elevado risco de complicações e morte, podem ser tratados por meio de cirurgia bariátrica.
Uma revisão de diversos estudos da literatura analisou os resultados no longo prazo de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica envolvendo quatro tipos de cirurgia: derivação em Y de Roux, gastroplastia com banda vertical, banda gástrica ajustável e diversão biliopancreática.
O risco de morte pós-operatória imediato variou de 0,1% a 2% nos diversos estudos. A perda de peso pós-operatória foi variável de acordo com cada tipo de cirurgia, no entanto, todas as técnicas se mostraram eficientes neste quesito.
As principais alterações nos pacientes operados, foram divididas em 5 grupos pelos autores desta revisão:
-Alterações respiratórias:
Redução em quase 90% dos casos de asma e síndrome da apneia do sono. A redução das crises de asma foi atribuída à diminuição do refluxo gastroesofágico após o emagrecimento.
-Alterações cardiovasculares e das gorduras no sangue:
Houve diminuição das pressões sistólicas e diastólicas com consequente diminuição do risco de hipertensão arterial e infarto do miocárdio. Além disso, houve diminuição acentuada do colesterol total, triglicerídeos, ácido úrico e aumento da fração HDL-colesterol (“colesterol bom”).
-Alterações endócrinas:
Nos pacientes submetidos a gastroplastia com redução de peso, houve uma diminuição importante das taxas de diabete melito, aumento do controle da doença, e do risco de aparecimento da doença em obesos não diabéticos.
-Alterações gastrointestinais:
Nos pacientes operados, as complicações gastrointestinais mais encontradas foram o estreitamento da gastrojejunostomia, úlcera gástrica, fístulas, obstrução intestinal de delgado, síndrome de Dumping, diarreia e vômitos. Também existe o risco de deficiências de ferro, vitamina B12, vitamina D e cálcio.
-Alterações psiquiátricas:
Com a perda de peso, ocorre um aumento da autoestima, melhora do relacionamento social, diminuição da ansiedade e da depressão. No entanto, existem evidências de um aumento do risco de alcoolismo e suicídio.
Em conclusão, existem diversos benefícios que a perda de peso nos pacientes operados proporciona. Em acompanhamento no longo prazo, foram constatadas melhorias em nível cardiológico, respiratório, endócrino e psicológico. As complicações também são comuns e geralmente estão associadas a deficiências nutricionais e complicações gastrointestinais.
Em resumo, cabe a equipe multidisciplinar (clínico, cirurgião, nutricionista e psicólogo) selecionar os casos de obesidade em que a relação benefícios versus riscos prevaleça nitidamente em favor da primeira.
Fonte: Cardiology Reviews.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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