Angioplastia das artérias dos membros inferiores é uma modalidade de tratamento que consiste na destruição mecânica de uma placa de gordura, chamada de ateroma, utilizando um cateter provido de um balão em sua extremidade.
Os stents são estruturas metálicas que, na maioria das vezes, são liberadas durante uma angioplastia das artérias dos membros inferiores. Essa modalidade de tratamento pode ser utilizada em pacientes cujo tratamento clínico não é capaz de controlar os sintomas de claudicação intermitente dos membros inferiores.
A claudicação intermitente é definida como uma sensação de peso, dor ou queimação na musculatura da panturrilha (“batata da perna”), ao caminhar ou subir um aclive, e geralmente alivia com o repouso. A angioplastia das artérias dos membros inferiores ao melhorar a irrigação das pernas, pode também contribuir para minimizar o risco de outras complicações, com a trombose, gangrena e amputação da perna.
Indicações
O estreitamento das artérias periféricas dos membros inferiores por aterosclerose (placas de gordura chamadas de ateromas) é a principal indicação para a realização desse procedimento. É importante que a anatomia do estreitamento da artéria seja favorável para essa forma de tratamento. O objetivo do tratamento é diminuir a isquemia (diminuição da irrigação sanguínea) do membro inferior afetado pela doença.
Os sintomas de claudicação intermitente podem desaparecer ou pelo menos diminuir em frequência e intensidade. Outra forma de tratar essas obstruções nas artérias dos membros inferiores é através de cirurgia de revascularização (conhecida pelo termo “by pass” da língua inglesa).
Como é feita?
Um cateter provido de um balão em sua extremidade é introduzido através de uma artéria periférica (geralmente a artéria femural, localizada na virilha).
Em seguida a ponta do cateter é posicionada no local da obstrução. Depois o balão é inflado sob alta pressão, destruindo a placa de ateroma. Finalmente um stent é liberado nesse local, visando diminuir o risco de obstruções futuras (reestenose).
O procedimento poderá ser realizado com uma anestesia local e sedação ou com uma anestesia geral de curta duração. Em poucos dias o paciente poderá retornar às suas atividades habituais.
Orientações antes do procedimento
– Jejum de pelo menos seis horas. É necessário a presença de um acompanhante, preferencialmente um familiar, durante o procedimento. O paciente permanecerá internado por até 24 horas após a realização da angioplastia.
– Medicações de uso habitual não deverão ser suspensas, exceto os anticoagulantes orais e a metformina (medicação para o tratamento do diabete melito). O médico assistente deverá orientar o paciente sobre o tempo de suspensão dessas medicações.
– Pacientes alérgicos a contraste deverão fazer um preparo prévio ao exame com medicações anti-alérgicas (anti-histamínico e corticoesteroide oral).
– Pacientes com disfunção renal poderão necessitar de alguma medicação ou internação prévia para hidratação com soro fisiológico visando minimizar o risco de disfunção renal ocasionada pelo contraste durante o procedimento (este deverá ser de um tipo especial, com menos potencial de lesar os rins). Pacientes renais crônicos deverão fazer diálise no dia que antecede o exame ou após o procedimento.
Complicações
– Alergias:
Angioplastia das artérias dos membros inferiores é realizada com contraste , podendo acarretar reações alérgicas de gravidade variável. Alergias graves (choque anafilático) ocorrem em cerca em menos de 1% dos casos. Caso você seja alérgico ou já tenha tido uma reação alérgica prévia com o uso de contraste, avise o seu médico assistente imediatamente.
– Dano renal:
O contraste usado na angioplastia poderá piorar uma disfunção renal prévia, fato comum em hipertensos crônicos e diabéticos. Ocasionalmente, pacientes com disfunção renal podem desenvolver uma insuficiência renal aguda que exigirá a realização de uma diálise.
– Complicações vasculares:
São as complicações mais comuns. Pacientes que serão submetidos a uma angioplastia das artérias dos membros inferiores estão sob efeito de medicamentos para diminuir o processo de coagulação (antiplaquetários, como o ácido acetilsalicílico e clopidogrel). Estes medicamentos associados a punção arterial durante a angioplastia (artéria femural) aumentam o risco de sangramentos, formações de hematomas e pseudo-aneurismas. Complicações vasculares que necessitam de uma cirurgia ocorrem em cerca de 1% dos casos de angioplastia.
– Reestenose:
A reestenose é o estreitamento da artéria causado por um crescimento anormal da parede do vaso, reativo à insuflação do balão sob uma alta pressão. A reestenose costuma ocorrer dentro de três a seis meses após uma angioplastia. A utilização dos stents diminuiu muito os índices de reestenose.
– Trombose tardia do stent:
É a formação de um coágulo devido ao contato do sangue com a estrutura metálica do stent. A utilização do ácido acetil salicílico e clopidogrel por 30 dias diminui muito o risco deste tipo de complicação.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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