O tratamento da hipertensão arterial pode ser dividido em não-medicamentoso e medicamentoso (com o uso de medicamentos). Valores abaixo de 120/80 mmHg, a chamada pressão arterial ótima, seriam a meta ideal a ser obtida em todos os pacientes, no entanto, estes valores não costumam ser facilmente alcançados na prática médica.
Em grande parte dos pacientes a meta mais realista é manter a pressão arterial pelo menos abaixo de 140/90 mmHg. Em diabéticos, portadores de vários fatores de risco cardiovascular e, ainda, naqueles com doença cardiovascular ou renal comprovada, a meta mínima a ser perseguida seriam valores abaixo de 130/80 mmHg. Essa é a recomendação da sétima diretriz brasileira de hipertensão arterial.
As mesmas medidas adotas para o tratamento não-medicamentoso da hipertensão arterial, que são as mudanças nos hábitos de vida, também servem para a sua prevenção.
Prevenção
As medidas a serem adotadas por todos as pessoas que desejam evitar a hipertensão arterial são as seguintes:
-Perda de peso
Indivíduos com excesso de peso devem emagrecer. Existe uma relação direta entre o peso corporal e a pressão arterial. O objetivo é atingir uma circunferência abdominal adequada (inferior à 94 cm nos homens e 80 cm nas mulheres) e um índice de massa corporal (peso dividido pela a altura ao quadrado = P / H2) inferior a 25 kg/m2 para adulto e 27 kg/m² para idosos.
A cada 1 kg eliminado reduz a pressão arterial em 1 mmHg. Perdas de dez até quilos de peso pode diminuir a pressão arterial sistólica em 5 a 20 mmHg, sendo a medida preventiva de melhor resultado. Uma dieta com baixas calorias e um aumento do gasto energético com atividades físicas, são fundamentais para a perda de peso. Alguns casos podemos prescrever uma medicação para emagrecer.
-Alimentação adequada
A dieta do hipertenso deverá ser pobre em sal e rica em potássio, magnésio e cálcio. A dieta pobre em sal (hipossódica) deverá restringir a ingestão diária de sal abaixo de 5 gramas (menos de 2 gramas de sódio). Além de restringir a utilização do sal de cozinha, evite conservas, frios, enlatados, envidrados, embutidos, molhos prontos, sopas de pacote, pães industrializados, queijos amarelos, salgadinhos, etc.
O consumo de vinagre, limão, azeite de oliva, pimenta e ervas, está permitido pois estes alimentos não influenciam na pressão arterial. Uma dieta hipossódica poderá reduzir a pressão arterial sistólica em 2 até 8 mmHg.
Uma dieta rica em potássio e magnésio poderá ser obtida através de uma ingestão rica de feijões, ervilhas, vegetais verde escuros, banana, melão, laranja, cenoura, beterraba, frutas secas, tomates, batata inglesa e verduras.
O cálcio da dieta poderá ser obtido através de derivados do leite com baixo teor de gorduras, como o leite e o iogurte desnatados, além de outros alimentos enriquecidos com cálcio.
Uma dieta chamada de DASH, composta de frutas, verduras, fibras, alimentos integrais, pão escuro, leite desnatado, pobre em colesterol e gorduras saturadas, foi testada e demonstrou ser capaz de reduzir a pressão arterial sistólica em 8 até 14 mmHg.
-Ingestão moderada de bebidas alcoólicas
O hipertenso deverá evitar uma ingestão regular de bebidas alcoólicas e, quando isso ocorrer, esta ingestão deverá ser limitada à 30 gramas de etanol nos homens (700 ml de cerveja = 2 latas de 350 ml ou 240 ml de vinho = 2 taças de 1520 ml ou 60 ml de destilado = 2 doses de 30 ml) e 15 gramas de etanol nas mulheres, ou seja, 50% da quantidade permitida para homens. A diminuição da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas poderá diminuir a pressão arterial sistólica em 2 a 4 mmHg.
-Cessação do hábito de fumar
O tabagismo aumenta muito o risco de complicações cardiovasculares em pacientes portadores de hipertensão arterial, logo, deverá ser abandonado. Não está comprovado que o tabagismo cause hipertensão arterial.
-Prática regular de exercícios físicos
O paciente hipertenso deverá praticar exercícios físicos aeróbicos como caminhada, corrida, ciclismo, dança ou natação, 3 a 5 vezes por semana, com uma duração mínima de 30 minutos, com uma intensidade moderada (50 a 70% da frequência cardíaca máxima para indivíduos sedentários, e 60 a 80% da frequência cardíaca máxima para indivíduos treinandos).
O início de um programa de exercícios físicos deverá ser precedido por uma avaliação médica. A prática regular de exercícios físicos pode reduzir a pressão arterial sistólica em 4 a 9 mmHg .
-Controle do estresse psicossocial
O estresse persistente pode contribuir para a manutenção de uma pressão arterial mais elevada. Técnicas de controle do estresse emocional podem ser úteis no controle da hipertensão arterial.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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