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Taquicardia paroxística atrial e supraventricular
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Taquicardia paroxística atrial e supraventricular 

A taquicardia  paroxística atrial  e a taquicardia paroxística supraventricular são arritmias cardíacas  com freqüência cardíaca regular e muito elevada (160 a 200 batimentos por minuto) , sendo que estas costumam inciar subitamente, ou seja, de forma paroxísticas.

Essas arritmias cardíacas são originadas nos átrios ou no nódulo atrioventricular (acima dos ventrículos, que são as câmaras inferiores e maiores do coração). Por este fato é que são chamadas de taquicardias supraventriculares .

Causas

Essas arritmias cardíacas frequentemente ocorrem em pessoas com o coração estruturalmente normal. No entanto, podem estar presentes acompanhando diversas doenças cardíacas, como a doença arterial coronariana aguda (angina instável e infarto do miocárdio ) ou crônica (cardiopatia isquêmica crônica) , hipertensão arterial (cardiopatia hipertensiva), doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco (cardiomiopatias e miocardites), entre outras.

O achado mais comum é que essas arritmias ocorram isoladamente (sem uma doença estrutural do coração) por causa de uma anormalidade do sistema elétrico do coração. Existem dois mecanismo elétricos que explicam a ocorrência dessas arritmias cardíacas:

– Presença de uma via acessória (cerca de 40% dos casos ):

Um estímulo cardíaco , como uma extrassístole supraventricular, migra da parte de cima do coração em direção a parte inferior (ventrículos), utilizando de uma via elétrica acessória e anormal. Um exemplo típico desse mecanismo de taquicardia supraventricular é a síndrome do  Wolf-Parkinson-White.

– Reentrada nodal (cerca de 60% dos casos):

Neste caso um estímulo cardíaco proveniente dos átrios  chega até a estação intermediária do sistema de condução, chamada de nó atrioventricular e, o estimula de forma inadequada e repetitiva (reentrada nodal ).

O traçado eletrocardiográfico obtido no momento da cessação dessas arritmia é muito útil para definirmos o mecanismo envolvido em sua gênese.

Sinais e sintomas

Como essas arritmias supraventriculares  causam uma elevação significativa da freqüência cardíaca (entre 160 a 200 batimentos por minuto), raramente não causam sintomas. A grande maioria dos pacientes percebe o início súbito de palpitações, descritas da seguinte forma : “percebo que o coração bate muito forte e rápido, com se fosse sair pela boca”.

Na ausculta cardíaca observamos que o ritmo do coração é regular, mas sua freqüência está significativamente elevada.

Em alguns pacientes a elevada frequência cardíaca impede o enchimento adequado do coração em sua fase de relaxamento (diástole), provocando um queda da pressão arterial , tontura, lipotimia (sensação de desmaio) ou até síncope (desmaio). Em pacientes com disfunção cardíaca prévia a persistência dessas arritmias pode agravar o quadro, surgindo sintomas de falência ventricular esquerda  (insuficiência ventricular esquerda). Esse fato poderá causar queda da pressão arterial, fadiga e dispneia (falta de ar).

A ocorrência de angina de peito (dor torácica) junto com as palpitações sugere irrigação inadequada do músculo cardíaco (isquemia miocárdica), como podemos observar na doença arterial coronariana em suas formas aguda (angina instável e infarto do miocárdio) ou crônica (cardiopatia isquêmica crônica ).

Diagnóstico

A descrição dos sintomas pelo pacientes, principalmente causados pela elevação súbita e excessiva da freqüência cardíaca, sugere o diagnóstico de uma taquicardia supraventricular (taquicardia paroxística atrial ou taquicardia paroxística supraventricular).

A realização de um eletrocardiograma no momento da arritmia cardíaca confirma o diagnóstico. Eventualmente, alguns pacientes poderão realizar um registro eletrocardiográfico de 24 horas (Holter) ou por um período ainda maior (monitor de eventos), para confirmar a presença destas arritmias cardíacas.

O estudo eletrofisiológico é capaz de identificar o mecanismo da arritmia (por via acessória ou reentrada nodal) e, ao mesmo tempo, tratá-la, através de uma ablação por radiofrequência.

Tratamento

Durante uma crise poderemos tentar  antes de usar medicamentos, realizar certas manobras (chamadas de manobras vagais), visando estimular o parassimpático (parte do sistema nervoso autônomo que desacelera o batimento cardíaco ). A massagem do seio carotídeo (uma estrutura localizada no pescoço), a indução do reflexo do vômito ou ainda, a manobra do gelo (ingerir dois copos de água gelados), podem reverter essas arritmias.

Certos medicamentos injetáveis que são bastantes eficazes em reverter a arritmia, poderão ser usados durante uma crise (como a adenosina e o verapamil).  Um cardioversão elétrica (tratamento da arritmia cardíaca através de um choque elétrico), a qual apresenta elevado índice de sucesso, poderá ser necessária nos casos em que há uma falha das medicações injetáveis.

Quando as arritmias cardíacas ocorrem com uma maior frequência ou estão associadas a síndrome de Wolf-Parkinson-White, um estudo eletrofisiológico, seguido de uma ablação por radiofrequência poderá curar o quadro com um índice de sucesso superior a 90%.

Prevenção

Quando essas crises são ocasionais e não há uma doença cardíaca estrutural associada, estas arritmias cardíacas podem não exigir nenhum tratamento para evitar novas crises.

Os casos de arritmia recorrente podem necessitar o uso de medicamentos, no entanto, por sua elevada eficácia, o ideal é que se realize uma ablação por radiofrequência.

Gravidade (prognóstico)

As taquicardias supraventriculares que ocorrem em indivíduos sem doença estrutural do coração , apresentam um risco muito baixo de complicações. Nos casos associados à síndrome de Wolf-Parkinson-White ou a uma doença estrutural cardíaca significativa, devemos indicar uma ablação por radiofrequência, pois nesses casos pode haver uma pequena chance de morte súbita ou de outras complicações cardiovasculares.

Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.

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