Médicos e pacientes acreditam que o efeito estimulante de bebidas que contém cafeína, como o café, poderia desencadear ou agravar arritmias cardíacas. Isso é verdade? qual a quantidade de cafeina que pode ser ingerida com segurança?
Pesquisadores norte-americanos avaliaram vários estudos que visaram determinar uma associação entre o consumo de cafeína e seus efeitos sobre arritmias atriais e ventriculares (arritmias originadas nos átrios, câmaras cardíacas superiores do coração, e nos ventrículos, câmaras cardíacas inferiores do coração).
Os estudos mostraram uma relação inversa entre a incidência de fibrilação atrial (uma forma de arritmia atrial) e a ingestão diária de cafeína. Uma meta-análise (análise conjunta do resultado de vários estudos) que avaliou 228.465 participantes, mostrou uma diminuição de 6% dos casos de fibrilação atrial em pessoas que bebiam café regularmente.
Os autores também descobriram que doses de cafeína de até 500 mg por dia (cerca de seis xícaras pequenas de café) não provocavam um agravamento ou aumento da incidência de arritmias ventriculares.
Um estudo realizado com 103 pacientes que tinham acabado de sofrer infarto do miocárdio (ataque cardíaco), e que ingeriram cerca de 353 mg de cafeína por dia (cerca de 4 xícaras pequenas de café), mostrou uma melhora da frequência cardíaca e ausência de arritmias significativas.
Apenas dois estudos mostraram que a cafeína oferecia risco de aumentar as arritmias ventriculares. Os dois foram feitos com pacientes que apresentavam doenças cardíacas pré-existentes. Em um deles, os pacientes ingeriam 10 xícaras de café por dia e no outro 9 xícaras.
Os autores da revisão concluem que a ingestão diária de até 300 mg de cafeína por dia (cerca de 3 a 4 xícaras pequenas de café) parece ser segura para pacientes com arritmia cardíaca. Entretanto, diferenças individuais na suscetibilidade aos efeitos da cafeína podem desencadear arritmias em alguns pacientes, por isso, se tais pacientes percebem essa relação, o consumo da cafeina deve ser evitado.
Fonte: JACC.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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