O índice glicêmico (IG) representa a capacidade de um alimento em aumentar a glicemia (níveis de glicose no sangue), em relação a um alimento-controle, como a glicose ou pão branco. O IG dos alimentos poderá ser baixo (55 ou menos), intermediário (56 até 69) ou alto (70 ou mais), quando o controle para essa avaliação é a glicose.
Alimentos feitos com farinha de trigo (pães, massas, bolos, biscoitos, etc.), arroz branco, tapioca, doces, refrigerantes e sucos integrais de frutas, são alguns exemplos de alimentos de IG alto. Esses costumam ser pobres em fibras e ter a maior parte de sua constituição formada por carboidratos. Esse tipo de alimento, ao chegar no intestino, tem a glicose quebrada e absorvida rapidamente. Teoricamente, o que ocorre é que, ao ingerir alimentos com alto IG, o organismo libera grandes quantidades de insulina para tentar manter os níveis de glicose no sangue dentro de limites normais. Este aumento na produção de insulina contribui para menor saciedade após as refeições, podendo levar ao consumo excessivo de alimentos, contribuindo para o aparecimento da obesidade e diabetes do tipo 2.
Alimentos com alto IG podem aumentar o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular e morte cardíaca?
O estudo PURE, realizado com mais de 130 mil adultos de cinco continentes, com idades entre 35 a 75 anos, foi publicado no mês passado no periódico The New England Journal of Medicine. Esse estudo revelou que uma dieta rica em alimentos com alto IG aumentava o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e morte cardíaca, durante um período de acompanhamento médio de 10 anos. Esse aumento do risco foi maior em pessoas que já tinham histórico de doença cardíaca (50%), quando comparado às pessoas que não tinham esse antecedente (21%).
Baseados nessa publicação, temos mais evidências que consumo de alimentos com alto IG deverá ser desencorajado, enquanto que o consumo de alimentos com baixo IG, como verduras, legumes, frutas, soja, aveia e outros cereais integrais, deverá ser estimulado. Esses últimos alimentos, em estudos prévios, associam-se a menor risco de doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr. CRM/PR 13700 – Cardiologista de Curitiba.
Artigos relacionados
Veja também
Medicamentos para emagrecer são seguros para o coração?
Atualmente temos alguns medicamentos aprovados pela ANVISA para tratar a obesidade no Brasil, como o Orlistat, Sibutramina, Liraglutida e Semaglutida. Orlistat (Lipiblock, Xenical) 1- Atua inibindo a absorção de parte da gordura dos alimentos. 2- Não apresenta efeitos sobre o sistema cardiovascular, logo, pode ser…
Alteração difusa da repolarização ventricular (ADRV)
O termo alteração difusa de repolarização ventricular é utilizado em laudos de eletrocardiograma (ECG) para descrever alterações do segmento ST do ECG, como ausência, achatamento ou inversões assimétricas das ondas T. Alguns médicos podem empregar a abreviatura ADRV. A onda T é um dos elementos…
Holter (eletrocardiografia dinâmica de 24 horas)
Norman Holter foi um biofísico norte-americano que inventou o monitor Holter em 1949, um aparelho portátil para a monitorização contínua da atividade elétrica do coração por 24 horas ou mais (eletrocardiografia dinâmica). Para a monitorização contínua do traçado eletrocardiográfico é necessário colocar eletrodos na parede…
Cinco bons motivos para você fazer seu check-up cardiológico
Abaixo enumeramos cinco bons motivos para as pessoas realizarem um check-up cardiológico: 1-Prevenção e Detecção Precoce: o check-up cardiológico é essencial para prevenir doenças cardiovasculares e detectar problemas de saúde cardíaca em estágios iniciais. A avaliação médica regular pode identificar fatores de risco, como hipertensão,…