O nó sinusal ou sinoatrial é o marcapasso natural do coração. Neste local inicia-se um impulso elétrico que flui sobre os átrios direito e esquerdo (câmaras cardíacas superiores do coração), fazendo que estes se contraiam. O sangue imediatamente será deslocado para os ventrículos (câmaras cardíacas maiores e inferiores do coração). Quando o impulso elétrico chega ao nó atrioventricular (estação intermediária do sistema elétrico), este impulso sofre um ligeiro retardo.
Em seguida, o impulso dissemina-se ao longo do feixe de His, o qual divide-se em ramo direito (direcionado para o ventrículo direito) e ramo esquerdo (direcionado para o ventrículo esquerdo). Após, o impulso atinge os ventrículos, fazendo com que estes se contraiam (sístole ventricular), permitindo a saída de sangue do coração. O ventrículo esquerdo ejeta o sangue para o cérebro, músculos e outros orgãos do corpo humano. O ventrículo direito ejeta o sangue exclusivamente para a circulação do pulmão, para que este sangue seja enriquecido com oxigênio.
O bloqueio atrioventricular (BAV) é caracterizado por uma lentificação ou impossibilidade total da condução do estímulo elétrico dos átrios para os ventrículos, ao nível do nó atrioventricular. Os BAV podem ser de 1º, 2º ou de 3º grau. Os dois primeiros são chamados de incompletos e, o último, de BAV completo ou total.
Bloqueio atrioventricular (BAV) de primeiro grau
Nesse grau de bloqueio todos os estímulos atriais conseguem atingir os ventrículos, mas com algum retardo, havendo apenas um aumento do intervalo PR do eletrocardiograma. Ocorre pelo prolongamento do tempo nodal da condução atrioventricular. De modo geral, considera-se haver BAV de 1º grau quando o intervalo PR é fixo e igual ou superior a 0,21 segundos.
Bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo grau
Nesse grau de bloqueio nem todos os estímulos atriais conseguem atingir os ventrículos. Há quatro variedades desse tipo de dificuldade de condução:
-Bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo grau tipo Mobitz I (fenômeno de Wenckebach):
É caracterizado por intervalos PR progressivamente mais longos, até que surge uma onda P não seguida de um complexo QRS no eletrocardiograma. O intervalo PR seguinte é novamente mais curto e os subsequentes vão aumentando progressivamente até surgir nova onda P não seguida de um complexo QRS. O conjunto de ciclos com prolongamento dos intervalos PR, até a perda da resposta ventricular, é chamado de período de Wenckebach. Esse fenômeno é devido, em 75% dos casos, à condução decrescente na região nodal atrioventricular.
-Bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo grau tipo Mobitz II
Nesse tipo de BAV observamos, vez por outra, uma onda P não seguida de um complexo QRS. Contudo, os intervalos PR nos batimentos conduzidos são fixos. Esse bloqueio tem origem na região hissiana (ao nível do feixe de His) ou na pós-hissiana. Na grande maioria dos casos (90%) é pós-hissiano.
-Bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo grau tipo 2:1
É um tipo particular de BAV, com padrão fixo de resposta AV tipo 2:1, isto é, ao eletrocardiograma observa-se a presença de duas ondas P para um complexo QRS. Os intervalos PR dos batimentos conduzidos não mostram variações, podendo ser normais ou prolongados.
-Bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo grau avançado
É assim chamado o BAV em que a condução atrioventricular ocorre em uma proporção inferior a 50%. Teremos então padrões de condução tipo 3:1, 4:1, 5:1 etc. (o numerador indica o número de ondas P, e o denominador o número de complexos QRS).
Bloqueio atrioventricular (BAV) de terceiro grau (completo ou total)
Nesse tipo de BAV não existe condução de estímulo elétrico entre os átrios e ventrículos. Assim, nenhum estimulo originário dos átrios consegue atingir os ventrículos. É necessário então que os ventrículos sejam despolarizados por um marcapasso situado abaixo da zona bloqueada. As ondas P são em número bem maior que o de complexos QRS, sem qualquer relação entre si. Em geral, as ondas P apresentam morfologia e freqüência normais, além de ritmo regular.
Sintomas
Diagnóstico
Tratamento
Autor: Dr. Tufi Dippe Jr – Cardiologista de Curitiba – CRM/PR 13700.
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