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Cirurgia de ponte de safena: complicações
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Cirurgia de ponte de safena: complicações 

A cirurgia de revascularização miocárdica, popularmente conhecida como “cirurgia de ponte de safena”, ainda é uma importante opção de tratamento para pacientes com doença arterial coronariana.

Complicações

Infarto agudo no pós-operatório:

Sua incidência nos casos de utilização de enxertos (pontes) arteriais  e venosos , é  de 1,4%  até  23%.  O seu diagnóstico no pós-operatório imediato é feito através do eletrocardiograma e das elevações das enzimas cardíacas.  Indica-se um cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia de emergência nos casos de infarto do miocárdio  com comprometimento clínico significativo, pois o risco de morte é 2,6 vezes maior.

Síndrome de baixo débito cardíaco:

São sinais e sintomas decorrentes de uma má circulação dos tecidos. Dentre as inúmeras causas de baixo débito , é importante realçar o vaso-espasmo coronariano (estreitamento da artéria por uma contração anormal da parede do vaso). É causa de complicações e morte no pós-operatório, podendo afetar artérias coronárias normais ou as pontes (veias ou artérias). Sua causa é especulativa, envolvendo  aumento do tônus adrenérgico (liberação excessiva de adrenalina).

O diagnóstico é feito com base na elevação do ST do eletrocardiograma em múltiplas derivações, queda da pressão arterial, arritmias ventriculares graves e bloqueios cardíacos variáveis. O tratamento consiste em melhorar a oxigenação e medicamentos, reduzindo a frequência cardíaca e a chegada de sangue ao coração (pré-carga). O objetivo é oferecer dilatação importante para a ponte  de mamária e manter os vasos nativos dilatados. Os medicamentos preferidos são os bloqueadores dos canais de cálcio, como a  nifedipina, diltizem e o verapamil.

Arritmias cardíacas:

A mais comum é a fibrilação atrial que ocorre em 30%  dos casos. Geralmente, é de curso benigno, sendo a amiodarona a medicação de escolha. As outras arritmias menos frequentes, devem ser tratadas de acordo com as rotinas dos serviços.

Complicações pulmonares :

Além das complicações mais comuns, como atelectasias (colabamento de espaços aéreos dos pulmões), insuficiência respiratória aguda, secreção excessiva, broncoespasmo (espasmo brônquico), pneumotórax (passagem de ar para a pleura) e a paralisia diafragmática (músculo da respiração), por  lesão do nervo frênico (o diagnóstico é feito pela radiologia do tórax, e o tratamento é manter a entubação prolongada até recuperação do nervo frênico).

Uma outra complicação muito comum é o derrame pleural (acúmulo de líquido na pleura) uni ou bilateral, quando se usa uma ou duas mamárias. A radiografia do tórax é o exame de preferência nestes casos. O tratamento pode ser por punção (retirada do líquido por uma agulha), caso o derrame seja intenso, e também por uso de medicamento corticoide oral.

Insuficiência renal:

São causas pré-operatórias  de falência dos rins, a idade avançada, reoperação cardíaca, função cardíaca deprimida, desidratação, insuficiência cardíaca descompensada, uso de contraste tóxico para os rins  antes da cirurgia (por exemplo, no cateterismo e cineangiocoronariografia antes da operação), creatinina prévia maior que  1.4 mg/dl e diabetes tipo I ou II .

Causas perioperatórias de falência dos rins: medicamentos tóxicos para os rins, circulação extra-corpórea prolongada e embolização de placas ou cristais de colesterol. Causas pós-operatórias: comprometimento da perfusão renal, como hipovolemia (déficit de líquidos circulantes), tamponamento cardíaco  e choque (falência cardíaca).

A incidência de disfunção renal no pós-operatório é de 8%, a necessidade e diálise é de 19%, e a mortalidade após 30 dias, é de 30%.

Sistema nervoso central (cérebro):

As complicações do sistema nervoso central ocorrem em torno de 1 a 6% e , podem ser classificadas em: tipo I (acidente vascular cerebral ou derrame cerebral, isquemia cerebral transitória e a  encefalopatia anóxica;  as principais causas são idade avançada, aorta calcificada, uso de  balão intra-aórtico , hipertensão arterial , angina instável e  passado de doença cerebral vascular cerebral) e do  tipo II (comprometimento da função intelectual;  as principais causas são passado de alto consumo de álcool, arritmia cardíaca  do tipo fibrilação atrial,  hipertensão arterial , cirurgia cardíaca  prévia, doença arterial periférica e insuficiência cardíaca).

Outra complicação é a do sistema nervoso periférico: estiramento do plexo braquial esquerdo (lesão dos nervos  dos braços) quando do uso da artéria mamária esquerda. O tratamento é com fisioterapia e medicamentos.

Síndrome vasoplégica:

É caracterizada por uma queda da pressão arterial , com incidência de 2 a 10%. A sua clínica se caracteriza por taquicardia, oligúria (diminuição da diurese), boa perfusão periférica, hipotensão arterial com má resposta a altas doses de catecolaminas (medicamentos para aumentar a pressão arterial).

Infecções e mediastinite (infecção do mediastino):

Ocorre em torno de 1 a 4%, com mortalidade de 25%. Causas pré-operatórias: idade avançada, obesidade, diabete melito , re-operação, uso das duas mamárias, tempo de perfusão prolongado e, na mulher, grande tamanho das mamas. Infecção das pernas: ocorre em 4.1% e, as causas maiores são sexo feminino, doença arterial periférica e o uso do balão intra-aórtico. Recomendação: para avaliar a infecção do externo, o exame de escolha é o tomografia computadorizada do externo.

Fonte: Diretrizes de Cirurgia de Revascularização Miocárdica, Valvulopatias e Doenças da Aorta.

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